Cotidiano

Aposentado com problema nos rins sofre para conseguir tratamento em Boa Vista

Há quase três anos com uma doença nos rins e com dificuldades para conseguir tratamento em Boa Vista, o aposentado Raimundo Nonato dos Santos, de 58 anos, vive um drama. Ele mora em uma casa simples no bairro Nova Cidade, zona Oeste, e disse que não tem condições de arcar com os custos de locomoção ao Hospital Geral de Roraima (HGR), onde faz hemodiálise semanalmente. A família reclama do corte no fornecimento de remédios pelo governo e também da exclusão do aposentado do Crédito do Povo (antigo Crédito Social).
Segundo a mulher do aposentado, Zenilda dos Santos, a família se mudou do Município de Amajari, Norte do Estado, para Boa Vista, na esperança de conseguir apoio para o tratamento do marido, que possui apenas 20% dos rins em funcionamento e precisa de um transplante urgente. “Somos agricultores e tivemos que sair da nossa cidade para cá porque ele ficou muito ruim. Quando chegamos aqui, tivemos alguma ajuda, mas foi por pouco tempo”, disse.
Ela gasta em torno de R$ 350,00 por mês com transporte para que o marido possa fazer hemodiálise em uma clínica particular conveniada do governo. “Tivemos que encarar o transporte, mas moramos longe e ele ganha um salário de aposentadoria. Ele está muito debilitado e o dinheiro que ganha só dá para o básico”, relatou.
Conforme Zenilda, o aposentado está há três anos na fila do Sistema Nacional de Transplantes para realizar o transplante dos rins, mas existem 30 mil pacientes em sua frente. “São 33 mil esperando esse transplante na frente dele. Já tentamos conversar com o governo para tentar um TFD [Tratamento Fora de Domicílio], mas precisamos de um doador”, esclareceu.
Outro problema citado por Zenilda é a dificuldade em comprar os remédios para o marido, que deixaram de ser distribuídos pelo governo no fim do ano passado. “Cada caixinha de Hidróxido de Ferro, remédio que ele toma, custa R$ 56,00. Não temos condições de comprar e ele parou de tomar desde que o governo deixou de distribuir”, destacou.
Para dificultar ainda mais a vida da família, Zenilda disse que foi uma das beneficiárias que deixou de receber o Crédito do Povo, antigo Crédito Social. “Era um dinheiro que nos ajudava e hoje estamos sem receber. Não entendo esse critério, somos pobres e esse dinheiro ajudava no tratamento do meu marido”, frisou.
GOVERNO – Em nota, o Governo do Estado esclareceu que o paciente recebe o tratamento de hemodiálise em uma clínica credenciada pelo Sistema Único de Saúde (SUS) que, além do procedimento, oferece todo suporte clínico na área de Nutrição, Psicologia, Enfermagem, Nefrologia, além de exames mensais, trimestrais, semestrais e anuais.
O HGR esclareceu que não faz distribuição de medicamentos para atender demanda externa, mas apenas para pacientes internados na unidade. O referido medicamento é disponibilizado pela Coordenação Geral de Assistência Farmacêutica (CGAF) mediante apresentação de receita. “A coordenação incluiu o gênero nos processos de compra emergencial para suprir a demanda imediata, e na compra para atender à demanda em 2015. O processo anual está na fase de cotação, enquanto o emergencial está na fase de finalização, em análise na Comissão Setorial de Licitação da Sesau (Secretaria Estadual de Saúde)”, afirmou.
A Sesau ressalta que a CGAF atende às demandas das unidades de saúde da rede de Urgência e Emergência e Especializada, conforme a Resme e Rename (Relação Estadual de Medicamentos/Relação Nacional de Medicamentos). Para ter acesso a outros tipos de medicamentos junto à CGAF, o paciente deve fazer um cadastro atendendo aos protocolos e diretrizes do Ministério da Saúde.
Quanto à exclusão da beneficiária Zenilda Rodrigues dos Santos do programa Crédito do Povo, o governo informou que uma equipe composta por 48 servidores da Secretaria Estadual de Trabalho e Bem Estar Social (Setrabes) está realizando visitas domiciliares, começando pelas famílias que deixaram de receber o valor e que requereram a retomada do benefício. (L.G.C)