Saúde e Bem-estar

Até quando a super proteção é danosa para as crianças?

Amedrontados com o “Desafio da Momo”, muitos pais tem procurado super proteger os filhos, explica o psicólogo Leonardo Morais

O “Desafio da Momo” viralizou novamente nas últimas semanas, com a suspeita de que a personagem estivesse aparecendo em vídeos voltados ao público infantil. Assim como na primeira vez, a possibilidade de que crianças tivessem acesso aos conteúdos impróprios deixou muitos pais preocupados, causando outra conseqüência negativa: a super proteção.

Segundo especialistas, a ‘bolha’ da super proteção pode ser danosa por impedir o desenvolvimento emocional e intelectual da criança e bloquear o aprendizado por experiência. No entanto, a super proteção não deve ser confundida com o cuidado com as crianças e adolescentes, mas sim do caráter exagerado da medida.

“A super proteção nunca vai ser algo bom, o próprio nome já fala do exagero. Proteger sim, super proteger jamais. São critérios fáceis de se adotar para não ter um cuidado disperso e nem exagerado de jovens e adolescentes”, explica o psicólogo Leonardo Morais.

O psicólogo lembra que mesmo na época em que os cuidados com o aspecto virtual não existiam com tanta ênfase, já existiam o risco das crianças serem influenciadas. Mas nem por isso os pais impediam os filhos de brincar ‘na rua’, por risco de vivenciar algo ruim.

“A orientação dos pais era de ensinar os filhos os comportamentos necessários diante da vida, de determinadas situações, para que a criança não se perdesse, não se machucasse ou machucasse alguém”, afirma.

O psicólogo explica que essa mesma dinâmica deve ser referencia dos pais na hora de ensinar aos filhos sobre os cuidados com o acesso à internet e suas plataformas como Youtube, Facebook, Instagram e qualquer outra rede social virtual.

“O pais deve lembrar-se de ensinar os valores e os comportamentos necessários para que a criança consiga enfrentar a vida. Os pais não vão ter como evitar que os filhos tenham experiências, a não ser que eles se tornem crianças e adultos alienados”, completou.

Pais podem apresentar figuras de terror para os filhos

Especificamente sobre o ‘Desafio da Momo’, outra recomendação do psicólogo é que os pais apresentem figuras de terror aos filhos o quanto antes, em especial, em casos de grande comoção social.

“Diga quem é, diga o mal que faz. Não precisa especificar os detalhes. Mas é importante por que o medo é um sistema instintivo de proteção da criança. É importante ela identificar isso e entender o que fazer com aquilo”, acredita Morais.

O psicólogo ressalta que mostrar a figura de terror é importante, contanto que a família tenha um bom relacionamento, de confiança, e ressaltando sempre que os pais estarão lá para apoiá-las.  O intuito sempre é de evitar que a criança tente resolver o problema sozinha e chegue até a seguir os passos e recomendações impróprias.

“As crianças precisam estar muito bem preparadas e protegidas emocionalmente pelos pais, com um nível alto de confiança, para que caso algo aconteça ela se sinta à vontade para procurar os pais”, diz Morais. “O aspecto dos limites, infelizmente, a gente só descobre quando a gente passa. Mas o que vai dar o suporte emocional para as crianças e adolescentes é o nível de confiança que os pais precisam ter”, avaliou.

DESAFIO DA MOMO – A escultura de silicone Momo foi exibida em uma galeria no Japão em 2016 e rapidamente ganhou as redes sociais no ano passado por conta da sua figura aterrorizante. A lenda de terror é que Momo enviaria mensagens por celular que poderiam ser fatais a quem recebesse.

Agora, o rumor é que Momo teria aparecido em trechos de vídeos no Youtube, causando uma possível hipnose e ensinando crianças a se machucar. Sobre o caso, a plataforma negou a presença da figura no conteúdo infantil. (P.C.)