Cotidiano

Agentes pedem exoneração e fazem ato em frente à Central de Flagrantes

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

Policiais da Inteligência da Polícia Civil do Estado de Roraima (PCRR) pediram exoneração dos cargos que ocupam dentro do setor administrativo da Polícia Civil e as demissões devem atingir também outros setores, como a equipe Tática. 

A informação foi confirmada pelo presidente do Sindicato dos Policiais Civis do Estado de Roraima (Sindpol), Leandro Almeida, que confirmou que nesta terça-feira, 4, a partir das 20h, o Sindpol vai realizar um ato em frente à Central de Flagrantes para anunciar a exoneração dos agentes e debater a situação da categoria.

“Haverá, após essa manifestação, algumas reuniões a respeito da situação da equipe Tática. Todos eles têm função gratificada e nesse momento estamos avaliando os casos. É preocupante isso acontecendo e o governador não dizer nada, não marcar reunião e não sinalizar negociar com a categoria”, destacou.

Até o final da tarde desta segunda-feira, 3, quase 90% dos chefes das delegacias da capital e do interior, e departamentos, já haviam confirmaram o pedido, segundo o Sindicato. Os delegados afirmam que o número de demissões não chega a 40%.

Almeida esclareceu que a não permanência nos cargos de função gratificada ocorre devido à crise instalada na PCRR desde o anúncio do reajuste dos delegados do Estado, que não teria atingido as outras nove categorias de policiais. Além da exoneração dos policiais civis que ocupam funções gratificadas, também vêm sendo discutidos o fim da venda da folga ao estado, dos serviços extraordinários e a promoção funcional.

“As perseguições junto aos agentes continuam e outra situação que vem ocorrendo junto aos agentes é a nomeação para chefias sem convite ou aviso prévio”, conforme explicou o presidente do Sindpol.

Em um procedimento normal, o convite é feito por meio de ligação ou outro tipo de comunicação. Atualmente, entretanto, Almeida contou que enquanto o agente pede para sair, outro é nomeado sem conhecimento do próprio agente. Na avaliação do presidente, essas medidas são tomadas apenas para mostrar ao governador, bem como toda a sociedade, que “tudo está sob controle”.

Associação de delegados diz que pedidos de demissão não prejudicam trabalhos em delegacias

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia Civil do Estado de Roraima (Adepol), Cristiano Camapum, explicou que a adesão dos policiais ao pedido de demissão não chegou nem mesmo a 50%. “Chefia não tem nada a ver com desenvolvimento das atividades policiais. Chefia é cargo de confiança. Em vez de dar uma ordem para 15 pessoas, eu dou uma ordem para eles, que repassam aos outros agentes. Facilita a comunicação no trabalho, mas não é essencial, pois se eu der a ordem para uma ou para 15 na sala, eles são obrigados a cumprir. Não vai parar nenhum distrito e nem afetar o trabalho policial. Apenas não terei subchefe para repassar as ordens que determino. Atrapalha um pouco, traz um pequeno transtorno administrativo, pois o delegado terá que fazer pessoalmente as missões.”

Camapum disse que o delegado pode fazer todos os atos que o escrivão pode fazer.

“As investigações não vão deixar de ser feitas por isso, porque as ordens têm que ser cumpridas ou eles estão fazendo greve branca, pois policial não pode fazer greve, que é ilegal, e a maioria das coisas é impossível o policial não cumprir; pois é crime. Estamos bem tranquilos a respeito disso. Achamos a decisão equivocada, intransigente, mas respeitamos.”

Camapum disse que o objetivo dos delegados é conseguir receber seu salário integral após a aposentadoria. “Não teremos aumento, como estão divulgando, mas preferimos a lei assim, pois conseguimos ter nosso salário base sem prejuízos na aposentadoria. Preferimos ganhar menos para não perder na aposentadoria. Não tem aumento.”

A Folha entrou em contato com o Governo do Estado para um posicionamento sobre o pedido de demissão dos agentes de Polícia Civil, mas até o fechamento desta matéria não obteve resposta.