Cotidiano

Brasil preside ACNUR pela primeira vez

O trabalho desenvolvido pela Operação Acolhida influenciou para que o Brasil alcançasse o feito

O Brasil foi eleito em outubro para exercer a presidência do ACNUR, Conselho do Alto Comissariado das Nações unidas para Refugiados, pela primeira vez na história graças ao trabalho desenvolvido pela Operação Acolhida.

Criado em 1950, após a 2ª Guerra Mundial, o ACNUR, por meio de seu trabalho humanitário, ajuda os refugiados a recomeçarem suas vidas. O Conselho é responsável por coordenar as discussões entre os Estados Membros, determinar as ações prioritárias e aprovar o orçamento do órgão.

Nas últimas décadas os deslocamentos forçados atingiram níveis sem precedência. Estatísticas revelam que até o final de 2019, mais de 79,5 milhões de pessoas deixaram seus locais de origem por causa de conflitos.

O Itamaraty disse que a eleição do Brasil reflete o reconhecimento internacional do engajamento brasileiro no campo humanitário, sobretudo em razão das iniciativas tomadas pelo Governo Federal na proteção inovadora a refugiados e na Operação Acolhida.   

Criada em 2018, a Operação Acolhida é responsável por receber os refugiados e imigrantes venezuelanos, fugidos do País que enfrenta uma grave crise político econômica, com êxodo de milhares de pessoas.

De acordo com o coordenador da Operação Acolhida, general Antônio Manoel de Barros, esse é um reconhecimento ao trabalho feito em Roraima.

“É a primeira vez que o Brasil exerce esse tipo de liderança na ONU, a Operação Acolhida é um patrimônio da humanidade que tem muito trabalho a ser feito, mas esse reconhecimento mostra que estamos no caminho certo”, disse.

A Acolhida baseia-se em três pilares: acolhimento, abrigamento e interiorização e estima-se que por ela, mais de 264 mil venezuelanos entraram e permaneceram no Brasil. Ao entrar no país, o refugiado dirige-se ao posto de recepção e identificação (PRI) e recebe água e lanche enquanto aguarda o atendimento.

O posto controla e organiza o fluxo migratório, realizando expedição de documentos e oferecendo auxílio médico aos migrantes em sua chegada. Em se­guida estes são encaminhados para um dos abrigos seguindo com o processo de interiorização. Nesta recepção consta também imunização, emissão de CPF, carteira de trabalho, atendimento social além de proteção e defesa dos direitos humanos.

Os imigrantes recebem três refeições por dia, kits de higiene pessoal e de limpeza, fraldas, aulas de português, atividades para crianças, atividades culturais, lúdicas e recreativas, matéria prima para artesanatos indígenas, tem migrantes indígenas entre eles, provisão telefônica para comunicação com parentes na Venezuela e proteção 24 horas.

Depois da triagem os venezuelanos são encaminhados para várias cidades brasileiras em diversas Unidades da Federação com vaga de trabalho já sinalizadas. O Brasil tornou-se então um exemplo mundial para a acolhida com dignidade de migrantes refugiados.