Cotidiano

Cerca de 50 mil venezuelanos foram interiorizados em três anos

Ao todo, foram 50.475 pessoas beneficiadas, desde o início do projeto em abril de 2018

Um total de 50.475 mil venezuelanos foram beneficiados com o processo de interiorização no Brasil, três anos após o início do projeto de autoria do Governo Federal, em abril de 2018. Segundo a Agência da ONU para refugiados (Acnur), 675 municípios acolheram os migrantes.

A estratégia de interiorização visa auxiliar os venezuelanos e reduzir o impacto da migração nas regiões da fronteira com o país, em especial, nos estados de Roraima e no Amazonas. Segundo a Acnur, as medidas foram mantidas mesmo com a pandemia da covid-19.

Desde fevereiro do ano passado, quando o governo brasileiro declarou Estado de Emergência em Saúde Pública de Importância Nacional, a Operação Acolhida e seus parceiros intensificaram protocolos de segurança e esforços no cuidado com venezuelanos em situação de vulnerabilidade. Desde então, mais de 1.000 venezuelanos por mês (em média) têm sido beneficiados com segurança pela estratégia.

PERFIL – Dentre os beneficiários da estratégia de interiorização, 47% são mulheres e meninas e 37% são menores de 18 anos (meninos e meninas). Um total de 88% dos venezuelanos interiorizados viajou em grupos familiares, enquanto outros 12% viajaram sozinhos.

Atualmente, há quatro modalidades de interiorização: a) institucional (de um abrigo em Boa Vista para outros centros de abrigamento temporário por todo o Brasil); b) reunificação familiar; c) reunificação social; d) por emprego (na qual os beneficiários são selecionados para um cargo de emprego antes da realocação). Até agora, a reunião social tem sido a modalidade mais buscada na estratégia de realocação (41% dos beneficiários), segundo informações do Governo Federal.

Antes de partirem para outras cidades, as pessoas refugiadas e migrantes da Venezuela que participam da estratégia de interiorização precisam cumprir alguns critérios, como estar regularizado no país e com documentos nacionais; ter as vacinas contra sarampo, febre amarela e difteria atualizadas; passar por exame médico antes do embarque e não ter sintomas relacionados a covid.

Pesquisa com 360 famílias venezuelanas aponta facilidade para encontrar emprego

Uma pesquisa realizada pela Acnur com 360 famílias venezuelanas interiorizadas revelou que 77% delas encontraram emprego algumas semanas após chegarem às cidades de destino (contra 7% com emprego antes da interiorização). A maioria já tinha renda suficiente para pagar aluguel, e todas as famílias tinham pelo menos uma criança na escola (contra 65% antes de serem interiorizadas).

Com os novos dados da interiorização, pode-se dizer que a estratégia atendeu quase um a cada cinco venezuelanos no país a melhorar significativamente sua situação financeira, de moradia e de educação. O governo federal estima que cerca de 260 mil refugiados e migrantes venezuelanos vivem atualmente no Brasil.

A interiorização é um dos eixos da Operação Acolhida, resposta do governo brasileiro ao fluxo de pessoas da Venezuela ao país. “O número expressivo de 50 mil interiorizados nos enche de orgulho, pois são pessoas que hoje encontram no Brasil um porto seguro para reiniciarem suas vidas”, afirma o ministro da Cidadania, João Roma.

Para Jose Egas, representante da Acnur no Brasil, o país tem atuado para encontrar soluções de longo prazo para a situação dos venezuelanos, apesar dos desafios adicionais impostos pela covid-19. “A estratégia de interiorização provou sua eficácia em dar aos venezuelanos deslocados a chance de um novo começo. Ela constitui uma prática modelo, tanto para a região quanto para o mundo”, conclui Egas.

Leia mais: 

Com mais de 18 mil entrando pela fronteira, o foco é a Interiorização…