Cotidiano

Comissão eleitoral da Uerr renuncia após intervenção

Após a renúncia de quatro dos cinco membros da comissão, o calendário eleitoral foi suspenso

A informação que a Folha obteve de que membros da Comissão Organizadora do Processo Eleitoral para Reitor e Vice-Reitor da Universidade Estadual de Roraima (Uerr) haviam renunciado ao cargo, foi confirmada por meio da Resolução número 29 de 31 de outubro de 2019, publicada no Diário Oficial do Estado. Dos cinco integrantes da referida comissão eleitoral, quatro pediram renúncia. 

Os primeiros a renunciar foram os servidores dos cargos comissionados de Pró-Reitor de Planejamento e Administração e de Diretor do Campus de Boa Vista, conforme requerimento protocolado na Reitoria da Uerr na última quinta-feira (31), às 13h54 e, consequentemente, do Conselho Universitário (Conuni).

Renunciaram ainda duas servidoras, sendo que uma ocupava o cargo de vice-presidente e a outra era membro da comissão eleitoral. Elas protocolaram requerimentos na Reitoria da Uerr também na última quinta-feira (31), às 18h20 e 18h28, respectivamente.

A resolução diz ainda que está anulada a Comissão Organizadora do Processo Eleitoral (Comissão Eleitoral), por inviabilidade de prosseguir os trabalhos com apenas um único membro, bem como está suspenso o calendário eleitoral até que seja constituída uma nova comissão. Segundo informação obtida pela Folha, se tudo transcorrer normalmente, apenas no início do próximo ano será realizada a nova eleição para reitor e vice-reitor da Uerr. Essa mesma fonte informou ainda que a interventora, professora Leila Perussolo, está recebendo denúncias de irregularidade no rito processual da eleição.

Foi convocada uma sessão extraordinária com os membros do Conselho Universitário para o dia 11 deste mês, às 10h, com a finalidade de discutir o afastamento do reitor e vice-reitor; indícios de malversação de recursos públicos; renúncia coletiva de servidores comissionados da Estrutura Organizacional da Universidade Estadual de Roraima e renúncia de membros da comissão eleitoral; dissolução da comissão eleitoral; nova eleição e constituição de comissão eleitoral e ajuste do calendário eleitoral.

Diretores e Pró-reitores também pedem exoneração

Ainda no Diário Oficial do Estado (Doer) do último dia 31, existe uma portaria que traz a exoneração, a pedido, dos servidores pró-reitores e diretores de departamentos que exerciam cargos em comissão dentro da Universidade Estadual de Roraima (Uerr).

Os pró-reitores são: Alvim Bandeira Neto, de Planejamento e Administração; André Faria Russo, de Extensão; Carlos Alberto Borges da Silva, de Pós-Graduação, Pesquisa e Inovação; Sérgio Mateus, de Ensino e Graduação, e Ana Lídia de Souza Mendes, de Orçamento e Finanças.

Pediram exoneração também Adriny Sabrina Ferreira dos Santos, procuradora-geral; e os diretores José Rogério de Oliveira, do Campus de Boa Vista; Claudio Travassos Delicato, do Campus de Rorainópolis; Larissa de Souza Lago, do Departamento de Assuntos Jurídicos.

Sobre toda a situação pela qual passa a Uerr, após o Governo do Estado ter decretado uma intervenção administrativa, o reitor afastado Regys de Freitas esclareceu: “Eu gostaria de falar apenas depois da calmaria”.

 

Denúncias motivaram a suspensão da eleição de reitor da Uerr

Leila Perussolo: “O calendário eleitoral fica suspenso até a constituição de uma nova comissão” (Foto: Diane Sampaio / Folha BV)

Após chegar à Universidade Estadual de Roraima (Uerr), no último dia 31, para verificar a informação de que a instituição não recolhia o Imposto de Renda Retido na Fonte (IRRF), incidente sobre a folha de pagamento dos servidores da Uerr, referente aos meses de janeiro a setembro, que totaliza R$ 3,5 milhões, e de afirmar que havia indícios de suposta malversação de recursos públicos, a secretária de Educação e atual interventora da universidade, professora Leila Perussolo, se deparou com outra situação.

Em entrevista exclusiva à Folha, ela afirmou que em reunião com pró-reitores foi informada sobre como está o processo eleitoral para o cargo de Reitor da Uerr. “Deixamos claro para eles que fomos à universidade em razão de questões tributárias, de indícios de irregularidades, de denúncias e nos deparamos com a situação real do processo eleitoral para reitor. Conversamos com servidores, que vieram de forma voluntária, com certo medo e receio, e disseram que o processo está bem complexo, em razão de alguns procedimentos tomados de forma arbitrária. Nós não sabemos se a arbitrariedade é cometida pela comissão eleitoral, porque não tivemos acesso ao processo. Solicitei do presidente da comissão e ele disse que não poderia me entregar o processo sem antes passar por uma análise da comissão que, poderia de fato dizer sim ou não ao meu pedido”, relatou.

“Não conhecemos o processo eleitoral, não fizemos nenhuma leitura dos documentos que envolvem essa eleição, mas de certa forma estamos preocupados com algumas colocações de pessoas que nos procuraram e nos relataram situações que nos deixaram preocupados, pois essas pessoas demonstram medo de falar algo, pediram pra conversar com a gente em outro lugar que não fosse dentro na universidade. Mas, se realmente tem alguma situação irregular no processo eleitoral iremos buscar as medidas cabíveis para essa questão”, afirmou a tutora extraordinária da Uerr.