Cotidiano

Corte já afeta atividades de unidades, relatam entidades

Estudantes e servidores de universidade e institutos federal realizam até as 20h desta quarta-feira, 15, manifestações contra o contingenciamento de verbas da educação

Estudantes e servidores de unidades de ensino federal realizam deste as primeiras horas desta quarta-feira, 15, manifestações contra o contingenciamento de verbas da educação. A paralisação de um dia das atividades quer chamar a atenção da sociedade para as consequências que o bloqueio de 30% no orçamento deve gerar nas atividades prestadas para os estudantes de todo o país.

“Esse corte que foram feitos nos IF’s e nas universidades federais vai provocar um sério problema no futuro, tanto no funcionamento dessas instituições quanto na questão da economia local. Somos o menor estado da federação, a UFRR tem o terceiro maior orçamento de Roraima e ela é responsável pela formação intelectual de parte da nossa população. Quebrar 30% dessa verba implica em dizer que não circulará recursos dentro do Estado, comprometendo a questão do emprego, por exemplo, e isso é muito perigoso”, afirmou o presidente da Seção Sindical dos Docentes da UFRR (SESDUF-RR), professor Paulo Afonso Oliveira.

Com uma enorme faixa com a frase “Por nenhum direito a menos”, os estudantes e servidores da Universidade Federal de Roraima (UFRR) se concentraram na entrada norte que dá acesso ao campus Paricarana. O ato também ganhou o reforço das entidades de classe estudantil, entre elas a Associação dos Estudantes de Roraima (Assoer).

“O posicionamento dos estudantes é sempre em prol da luta em defesa da educação pública gratuita e de qualidade. Esse ato não é baderneiro, fechar a universidade não significa que vamos vandalizá-la, mas sim com o objetivo de esclarecer para a sociedade que isso aqui é nosso é nós estamos usando o que nós é de direito. A universidade é nossa e de toda a sociedade, tanto que abrimos esse ato para a comunidade geral, para que eles possam estar reforçando esse ideal de uma educação de qualidade”, disse o presidente da entidade, Jean Farias.   

Entidades ouvidas pela reportagem relataram que mesmo o Governo Federal tendo garantido que a medida não afetará as atividade de atendimento ao aluno, muitas atividades já começam a ser impactadas. Sem alternativas, as instituições estão tendo quem remanejar os poucos recursos que possuem.

“O corte bruto no orçamento da UFRR foi de 42,9%. Algumas coisas cortadas a mais, outras a menos, mas no geral foi esse o percentual que a instituição sofreu de bloqueio. Isso significa que quase a metade do ano foi perdido, pois são recursos que não poderemos utilizar. É certo que algumas coisas vão funcionar mais tempo, outras menos, mas luz e água, por exemplo, a gente não sabe até quando estarão disponíveis e sem isso a universidade não funciona”, salientou Roberto Mibielli, coordenador do curso de Pós Graduação em Letras da UFRR.   

TIRA MÃO DO MEU IF – Quem também realizou atos pela manhã foi o Instituto Federal de Roraima (IFRR), que também foi atingida com medida anunciada pelo Governo. Além da criação da sala de cartazes, a entidade promoveu uma roda de conversas entre professores e alunos para discutir as atividades que serão realizadas até o dia 14 de junho, data sugerida para a paralisação geral de todas as atividades da educação federal.

“Para nós, essa medida do Governo não é um contingenciamento, mas sim um corte, porque não há garantias de que se houver a reforma da reforma da previdência esse valor vai retornar para a educação, como eles alegam que vai acontecer, e se a reforma não for aprovada, já sabemos que o presidente não tem nenhum acordo que possa compensar isso”, comentou Arnou Pereira de Sá, presidente da Seção Sindical do Instituto Federal de Roraima (Sinasefe-RR).

Roda de conversa marcou o início das atividades contra o contingenciamento no IFRR (Foto: Diane Sampaio/Folha BV)

Para a estudante Isabela Félix, a participação dos alunos é fundamental para mostrar a sociedade a importância que a educação tem para a formação dos futuros profissionais.

“É importante todos estejamos juntos nessa manifestação, para a gente lutar pelos nossos direitos, porque quando as pessoas não saem, o Governo acredita que estamos satisfeitos com o que estão fazendo, e isso não é interessante. Temos que ter visibilidade e união, pois uma pessoa só não é ninguém, mas quando ela está acompanhada, ela se torna um cabo de guerra”, pontuou a presidente do grêmio estudantil do Campus Amajari, Isabela Félix.

GRANDE MANIFESTAÇÃO – Pela tarde, às 15h, tanto os estudantes do IFRR quanto da UFRR vão marchar em direção a Praça do Centro Cívico, que será palco da grande manifestação do dia. A programação deve se estender até as 20h, com a realização de aulões, exposições a apresentações culturais.

A matéria completa você confere na Folha Impressa desta quinta-feira, 16.