Cotidiano

Corte pode afetar mais de 300 pesquisadores em RR

Novas pesquisas e as que já estão em andamento podem ser comprometidas com a falta de verbas

O corte no orçamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq), que disponibiliza ajuda financeira a cerca de 84 mil pesquisadores no Brasil e que foi anunciado no mês de agosto, afetará cerca de 305 estudantes em Roraima. Conforme divulgado em rede social, o conselho disse que novas bolsas estão suspensas e que não há dinheiro para realizar o pagamento das bolsas que vencem em outubro.

Embora o Cnpq tenha realizado o corte de bolsas ociosas para economizar R$ 60 milhões, com um deficit de R$ 330 milhões, o próprio conselho reconheceu que o dinheiro não será suficiente para o pagamento das bolsas que vencerão em breve e que, somado à falta de previsão orçamentária para este ano, novas pesquisas e as que já estão em andamento estariam comprometidas. As informações foram anunciadas pelo presidente do Cnpq, João Azevedo.

A pró-reitora de Pesquisa, Pós-Graduação e Inovação Tecnológica do IFRR Fabiana Sbaraine, reitora em exercício do Instituto Federal de Roraima, (IFRR), disse que foram ofertadas 15 bolsas do Cnpq, para os estudantes realizarem pesquisas, e desse quantitativo duas já foram perdidas.

“Quando estávamos finalizando o cadastramento dos nossos bolsistas desse ano, fomos pegos de surpresa pelo Cnpq anunciando o corte e só houve tempo de cadastrar 13, mas não sabemos se o Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico vai honrar com o pagamento das que conseguimos cadastrar. Acreditamos que é quase certo que a manutenção dessas bolsas não ocorrerá”, disse.

Fabiana Sbaraine também explicou que pelo sistema de cadastro dos pesquisadores é possível acompanhar se o pagamento foi realizado, mas nenhum aluno confirmou o recebimento. 

“Ao longo da oferta de cotas de bolsas de iniciação científica do CNPq para o IFRR, o conselho sempre honrou o compromisso de manutenção do programa. No entanto, a instituição teme que isso passe a não ocorrer por conta dos cortes. Os bolsistas já começaram as ações de pesquisas e ainda temos expectativas que ocorra ´injeção` de dinheiro no orçamento do conselho, para que nenhum pesquisador seja prejudicado”, disse.

A pró-reitora de pesquisa da Universidade Federal de Roraima, Geyza Pimentel, também recebeu a reportagem para falar como os cortes no orçamento do Cnpq afetam os pesquisadores da UFRR. De acordo com ela, são 160 pesquisadores em diferentes áreas, sendo 96 em iniciação, 41 em mestrado, 14 acadêmicos e nove professores em doutorado, e que até o momento não foi recebida nenhuma indicação oficial à Instituição de que as bolsas serão suspensas.

“Dos pesquisadores cadastrados no sistema, não sabemos quem de fato vai receber o pagamento ou se os 96 novos serão cortados. O recurso do Cnpq não é um dinheiro que entra na conta da universidade, mas a partir dos dados do aluno é que são autorizados os pagamentos nas contas, portanto não temos autonomia para realizar nenhum pagamento”, explicou.

Já a Universidade Estadual de Roraima apenas informou que a instituição conta com 132 bolsistas e que a previsão é que ocorram cortes devido aos últimos anúncios do Cnpq.

O aluno do Instituto Federal de Roraima Elias Freitas lamentou os cortes financeiros anunciados pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (Cnpq) que possibilitam aos pesquisadores desenvolverem trabalhos com ideias que podem ser aplicadas na sociedade. 

“Já não bastasse a incerteza de que as bolsas existentes sejam pagas, novas pesquisas foram suspensas. A saída é continuar sem o incentivo porque queremos que as ideias avancem. No meu caso, desenvolvo um projeto que poderia melhorar problemas encontrados em sala de aula para que ocorresse maior envolvimento dos aluno no processo de aprendizagem, mas o governo federal não nos incentiva ou tão pouco compreende que muitas pesquisas são de alto custo por conta dos equipamentos e precisam da ajuda financeira ofertada pela bolsa”, explicou.