Cotidiano

Detentos de RR terão perfil genético incluído em Banco de Dados

O estado tem 118 casos de crimes que não foram elucidados por falta de comprovação genética e espera-se que possam ser concluídos

Mais de 140 detentos do Sistema Prisional do Estado, que se encaixem no perfil de crimes hediondos, terão seus perfis genéticos extraídos, processados e incluídos, até o final do ano, no Banco de Dados Nacional. 

A informação foi dada ontem pelo diretor do Instituto de Criminalística de Roraima, Stefani Ribeiro, durante a inauguração do Laboratório de Genética Forense de Roraima. 

O laboratório conta com tecnologia fundamental para solucionar crimes com mais celeridade e segurança, por meio de técnicas de genética e biologia molecular, através da análise do DNA. 

“Já colocamos os perfis genéticos de presos do nosso sistema prisional, porém, usando laboratórios de outros Estados. Vamos coletar mais 140 perfis ainda este ano e a extração deste perfil genético já será feita no nosso laboratório”, disse Ribeiro, citando que o mesmo foi instalado numa sala no Comando do Corpo de Bombeiros, mas que será administrado pelo Instituto de Criminalística.

Com a instalação do laboratório, o Estado vai cumprir o que determina a lei 2.654, que todo condenado por crimes hediondos, como estupros, sequestros, homicídios, posse ilegal de arma de fogo, dentre outros, tenham seu perfil genético coletado e colocado no banco nacional. 

“Isso significa que se o detento sair amanhã e voltar a praticar crimes e o perfil genético estiver coletado, os dados serão cruzados e se saberá quem é o autor do crime”, afirmou.

Ele informou ainda que com a inauguração do laboratório, os resultados de exames enviados a outros estados saíam em até oito meses, e que agora serão divulgados em até 15 dias. 

Ele citou que o estado tem hoje 118 casos de crimes que não foram elucidados por falta de comprovação genética e se espera que agora possam ser concluídos. 

“Temos corpos no IML que estão há dois anos aguardando liberação por não terem sido identificados através de fragmentos papilares e nem por arcada dentária e só poderá ser feito por DNA. Além de outros casos em aberto desde 2005 à espera de respostas de DNA”, afirmou.

Quanto à prioridade destes casos, ele disse que os mais graves e de maior repercussão serão prioritários e destacou que o teste de DNA, voltado para a análise forense, é uma ferramenta utilizada no mundo inteiro com resultados positivos.

“O banco de genética forense nacional ainda está sendo abastecido pelos Estados e Roraima entra nessa era tecnológica”, disse.

Na prática ele explica que o material e vestígios biológicos são coletados na cena do crime e enviados para os testes. 

“No caso de estupro, por exemplo, o material biológico é coletado e encaminhado para o teste e, diante de um suspeito, podemos comparar para determinar a autoria do crime”, disse. “Não importando se o crime foi em Roraima ou no Rio Grande do Sul, pois se o material genético cruzar com o que temos, será identificado em qualquer lugar que esteja e com 99,9% de certeza”, afirmou.

Por falta de estrutura física, laboratório foi instalado no Corpo de Bombeiros


Laboratório foi inaugurado nesta terça-feira no Corpo de Bombeiros (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

Sem condições de estrutura física no Instituto de Criminalística, o laboratório forense foi instalado numa sala cedida na sede do Corpo de Bombeiros. 

“Não temos espaço físico adequado e corríamos o risco de perder o convênio se não tivéssemos este espaço. Mas vamos trabalhar para levar o laboratório para nossa casa o mais breve possível”, disse.  

Os trabalhos serão feitos por três peritos especializados em genética forense e um mestre em biologia molecular. 

Para o secretário da Segurança Pública, Olivan Júnior, a inauguração do laboratório forense no Estado vai proporcionar mais celeridade na elucidação de crimes e dar respostas mais rápidas e eficientes para a sociedade  

“Roraima entra para o rol dos Estados de alto nível em elucidação de crimes. Vamos poder esclarecer casos que estavam parados porque não tínhamos esse tipo de tecnologia e, assim, dar respostas destes casos para a sociedade e para as famílias que aguardam elucidação”, disse.

O secretário informou que a implantação do laboratório no Estado custou R$ 3,5 milhões e acontece, depois de articulação para resolver pendências na prestação de contas do Estado com a secretaria nacional, em parceria com a SENASP (Secretaria Nacional de Segurança Pública).

“Estávamos com prestações de contas de convênios pendentes desde 2016. Eram 16 convênios que estavam inadimplentes, que resultou em milhões de recursos que pareciam perdidos e isso é inadmissível para um Estado pobre como o nosso. Mas estamos recuperando estes recursos junto a SENASP. Conseguimos tirar três tomadas de contas especiais para poder ter novamente convênio com a SENASP”, afirmou.

CRIMES – Apesar dos muitos crimes bárbaros que estão acontecendo ultimamente em Roraima, o secretário afirmou que o Estado está trabalhando para “virar o jogo” e oferecer mais segurança aos roraimenses. 

“O povo de Roraima deve alimentar a esperança que vamos virar esse jogo e os resultados mostram que houve uma redução de crimes, apesar da percepção destes crimes violentos que tem ocorrido recentemente tenham chamado a atenção pela barbaridade, mas que não refletem o estado total da segurança pública. Queremos trazer essa sensação de segurança para a população”, afirmou.

Para isso, o secretário informou que 65 novas viaturas da Policia Militar e mais 53 da Policia Civil estarão de volta às ruas até o início do próximo ano.

“Este recurso é um convênio de emenda parlamentar no valor de 35 milhões que estava perdido, devido à inadimplência, e que conseguimos resgatar. Isso vai deixar um policiamento pleno nas ruas”, afirmou. (R.R)