Cotidiano

Detran é o quarto a paralisar atividades no Governo de Roraima

Transparência quanto à situação financeira do Estado e reposição salarial estão entre as principais reivindicações

AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

O Sindetran-RR (Sindicato dos Servidores do Departamento Estadual de Trânsito) anunciou que irá paralisar por duas horas as atividades da categoria nesta sexta-feira, 18. O sindicato cobra, entre outras coisas, a transparência em relação à atual situação financeira de Roraima e a reposição salarial, que não ocorre desde 2017.

A categoria se tornou a quarta a sinalizar movimento de advertência essa semana. Na edição impressa da Folha dessa quinta-feira, 17, noticiamos que os profissionais de enfermagem e os servidores da Aderr (Agência de Defesa Agropecuária) também anunciaram que irão parar as atividades.

A programação do movimento irá começar às 11 horas, com a operação-tartaruga, ou seja, haverá uma desacelerada nos serviços do Detran-RR, mas a partir das 12h, as atividades serão paralisadas. O percentual de 30% da equipe em serviço será respeitado e todas as manifestações ocorrerão em frente ao órgão.

A decisão, acatada em assembleia pelos integrantes do sindicato, se dá em relação à falta de transparência sobre a atual situação de calamidade financeira alegada pelo Governo de Roraima.

A presidente do Sindetran-RR, Cleomar Melo, lembra que o decreto foi usado como justificativa pelo Departamento para as negativas em relação às pautas apresentadas. “Porém, a gente começou a observar que o próprio governo desrespeita esse decreto, ao apresentar, recentemente, um projeto de aumento de cargos comissionados. Isso é dispensa de pessoal!”.

A reposição salarial é outro anseio dos servidores do órgão, que não é pago há dois anos. Cleomar pontua que se buscou um diálogo junto à direção do Detran, porém não houve avanços junto a ele. “A intenção do sindicato não é confrontar ou bater de frente, mas sim dialogar sobre as possibilidades”, comentou.

Agora o grupo espera ir à mesa de negociações junto com o Governador de Roraima, Antonio Denarium, para verificar todas as saídas possíveis para as reivindicações e se haverá algum avanço. Caso já haja um retorno, os servidores se reunirão novamente para decidir os próximos passos. “O que a gente não pode permitir é que não seja cumprido o que é garantido por lei”, frisou a presidente.

Questionamos o Detran-RR sobre a paralisação dessa sexta-feira, 18, e por meio de nota, a assessoria de comunicação do órgão esclareceu que o movimento é decorrente de uma reivindicação de alguns servidores efetivos por reajuste salarial. Porém, a participação implicará em desconto no ponto, pois não se trata de uma greve regulamentada.

Servidor denuncia condições de trabalho e perseguição política

Um servidor do Detran-RR que não quis se identificar, que trabalha há mais de 10 anos na instituição, denunciou condições de trabalho e uma suposta perseguição com os colegas que vem ocorrendo desde o início do ano.

Ele confidenciou que a falta de materiais, como colete, tem dificultado a rotina de trabalho dele e de seus colegas de trabalho. Além disso, alguns problemas de infraestrutura do prédio, como metade do muro quebrado e o portão danificado, só receberam manutenção após muitas insistências dos servidores. “Tem um servidor efetivo aqui que é pró-governo e ele tem desapontado todo mundo aqui, pois ele tem prejudicado todo mundo aqui pra fazer média com o governo. Nós nos sentimos desprotegidos, pois a administração faz muita média com o governo, e quando a gente fala para eles nossas reivindicações, temos zero resposta”, denuncia.

Enfermagem e Aderr também fazem movimento de advertência

Desde essa quarta-feira (16), categorias deflagraram paralisações das atividades. A primeira a realizar o movimento de advertência foi a de servidores da Aderr, que cobram do governo melhores condições de trabalho, maior fiscalização nas barreiras agrícolas e efetivação do PCCR (Plano de Cargo, Carreira e Remuneração), que foi aprovado no ano passado e não está sendo cumprido. A paralisação chega ao fim nessa sexta-feira (18).

“A fiscalização agrícola está em um momento muito crítico. A pouca fiscalização pode causar mais uma intervenção por conta da Mosca da Carambola, uma praga antes controlada, com a não valorização do pequeno agricultor e ao mesmo tempo do servidor público do setor de agricultura; pode ser que se espalhe novamente pelo estado. Mais um problema iminente é a febre aftosa, vírus já erradicado no Brasil que pode voltar através da não fiscalização de animais vindos de fora, dessa maneira podendo ser disseminado de Roraima para outros estados, prejudicando totalmente a exportação de carnes”, alegou a nossa reportagem Jaime Edson Simón, fiscal da Agência.

Os profissionais de enfermagem também anunciaram que irão parar as atividades na próxima quarta-feira (23). A modernização do PCCR, a revisão geral anual, não paga pelo governo desde 2016, e a progressão funcional são as principais reivindicações da categoria.

“Hoje, a categoria é a que mais trabalha na saúde e a que é menos valorizada; há muito tempo nós já vínhamos nessa luta em busca de valorização. Não cansamos de buscar o diálogo e informamos à Sesau o nosso pedido de uma agenda efetiva, pois promessas são feitas, mas não há execução”, deixou bem claro Melquisedek Menezes, presidente da Sindprer (Sindicato do Profissionais de Enfermagem do Estado de Roraima).

Agentes Socio-educadores paralisam atividades

A mudança na escala de trabalho deixou profissionais que trabalham nas unidades de acolhimento da Secretaria Estadual do Trabalho e Bem-Estar Social (Setrabes) revoltados.

Na tarde de ontem, quinta-feira (17), iniciaram uma manifestação em frente à secretaria.A previsão é que o protesto se encerre nesta sexta-feira (18), o que dependerá de uma reunião com a Setrabes, que tenha um resultado positivo para a categoria. 

Os profissionais são os agentes sócio-instrutores, sócio-orientadores, sócio-geriátricos, cozinheiros, serviços gerais, vigias e porteiros, que trabalham nas unidades de acolhimento Abrigo Infantil, Abrigos Masculino e Feminino, Casa de Passagem, Abrigo dos Idosos e Abrigo de Maria.

Segundo a agente sócio-orientadora Carmen Hefigênia Lima, a antiga portaria, que estabelecia 12 horas de trabalho por 60 horas de descanso, foi substituída por uma nova portaria, publicada no final do mês passado. “A Setrabes reduziu nosso horário de trabalho de 12 horas de trabalho e 36 horas de descanso”, afirmou.

“Nosso trabalho ocorre em unidades de alta complexidade com atendimento a idosos, crianças, adolescentes e mulheres vítimas de violência doméstica e, devido a isso um período maior de horas de descanso. Com essa nova escala, o servidor não tem o horário para o descanso devido”, explicou Carmen Hefigênia.

“A nossa reclamação é que os servidores não foram ouvidos sobre a situação que deveria ser decidida em coletivo com a categoria”, reforçou.

Governo do Estado – A Folha entrou em contato com o Governo do Estado sobre o assunto e aguarda o retorno.