Cotidiano

Diretora avalia resultados da Educação na região Norte

Pisa revela que a os alunos do Norte do país não atingiram o nível básico em nenhuma das disciplinas avaliadas

Por Viviane Grizotti

Editoria de Cidades

O relatório da pesquisa sobre a educação mundial do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes – Pisa (sigla em Inglês), revela que a os alunos da Região Norte não atingiram o nível básico em nenhuma das disciplinas avaliadas – Leitura, Matemática e Ciência.

O mesmo ocorre para 43,25% dos estudantes de todo o país, revelando a incapacidade de compreensão de textos e resolução de questões simples de matemática e ciência propostas no exame, o que é considerado o mínimo para a cidadania pela OCDE – Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico.

Além disso, 0% dos alunos do país atingiu nota máxima em Ciência e apenas 0,2% conseguiram nota máxima em Leitura. O desempenho do Brasil em matemática ficou entre os 10 piores.  Em entrevista à Folha, a Diretora do Centro de Formação de Professores do Estado de Roraima (Ceforr), Stela Damas, comentou os aspectos principais que podem ter influenciado no mau desempenho apontado no relatório.

DIFERENÇAS REGIONAIS – Os alunos do Sul do país foram os que obtiveram maior pontuação. Comparado à Região Norte, a diferença, é de 35 pontos a menos nas disciplinas de Leitura e Ciência, e chega a 40 pontos em matemática. Para Stela Damas, isso ocorre devido à estruturação do ensino: “O que existe são diferentes realidades. O que a gente sabe é que no Sul a escola é muito mais estruturada em questão de infraestrutura, em capacidade de acolhimento de alunos. A gente sabe que as Universidades do Sul são melhor avaliadas do que as nossas, então se supõe que os professores têm uma qualidade melhor de ensino. Mas está sendo feito para o Brasil o Referencial Docente, com objetivo de entender realmente a necessidade do professor e também tentar valorizar.”

QUALIFICAÇÃO DOS PROFESSORES – De acordo com a diretora do Ceforr, a criação do Referencial Docente do professor no Brasil, vai padronizar a formação universitária dos cursos de licenciatura, formando professores capacitados para resolução de problemas reais em sala de aula.

“Fizemos uma pesquisa muito grande envolvendo desde alunos até gestores escolares, sobre o que seria o perfil desejado, do então do professor. Esse grupo de trabalho elaborou esses referenciais no ano passado, ele vai para o Conselho Nacional de Educação, passa pela Câmara dos Deputados, inclusive eu fui substituir Secretária de Educação, apresentando esse referencial. E uma das coisas que coloca como um dos pré-requisitos para professores, é a questão da formação inicial e continuada. Nosso problema não é a formação do professor em questão de título. A questão é a qualidade da formação do professor que a gente tem. 

DIFERENÇAS SÓCIO-ECONÔMICAS – A diferença de desempenho entre alunos de escolas particulares e federais chega a ser de 97 com relação às estaduais e municipais. A média entre os países participantes é de 89 pontos. Em Leitura, as escolas particulares e federais obtiveram média de 510 e 503 pontos. Em contrapartida, escolas estaduais e municipais obtiverem 404 e 330, respectivamente. De acordo com Stela Damas, as questões socioeconômicas não estão relacionadas à renda, e sim a oportunidades. “Não existe uma explicação científica para justificar que você precisa dar alguma coisa mais ‘leve’ porque o menino não tem condições. Todos têm o mesmo potencial de aprendizagem, o que acontece é que a criança que menos favorecida economicamente tem menos oportunidade. Então essa criança possivelmente ela vai chegar à escola sem ter tido muito acesso à leitura, sem ter tido muito acesso às tecnologias, porque não tem em casa. E esse é o motivo de a escola pública ser tão importante, porque talvez seja a melhor oportunidade que aquela criança vai ter de ter um ensino. Porque os meninos são capazes, eles só precisam de oportunidade. ” 

FATORES EMOCIONAIS – As questões relacionadas a ofensas e solidão no ambiente escolar estão acima da média mundial, isso acarreta maior número de faltas, portando perda de conteúdo e baixa autoestima, o que prejudica a realizações de avaliações. “No resto do Brasil, existe dentro da pedagogia uma categoria chamada orientador educacional. Aqui em Roraima não tem nenhuma faculdade que tem esse curso, então a gente abre a possibilidade para qualquer professor, de qualquer área, que acredite que tenha capacidade, que tenha perfil para esse tipo de atendimento e então a gente capacita, porque eles trabalham com bullying, com crianças em situação de vulnerabilidade, a questão da violência, tratando a questão da adição, do alcoolismo. Tudo isso passa pelo serviço de orientação. Então todos os anos tem que fazer a formação continuada, porque eles tratam com as questões mais sensíveis que tem na escola.”

Confira na tabela os resultados do Brasil por Região

REGIÃO

LEITURA

MATEMÁTICA

CIÊNCIA

MÉDIA OCDE*

487

489

489

SUL

432

401

419

SUDESTE

424

392

414

CENTRO-OESTE

425

396

415

NORTE

392

366

384

NORDESTE

389

363

383