Cotidiano

Donos de “ferros velhos” são presos acusados de receptar fios elétricos

Policiais localizaram, nos quatro estabelecimentos alvos da investigação, fios elétricos desencapados e encapados. Nenhum dos suspeitos comprovou a origem dos materiais, segundo a Polícia Civil

A Polícia Civil de Roraima prendeu em flagrante, nessa quinta-feira (23), em Boa Vista, quatro donos de “ferros velhos” suspeitos de terem praticado crime de receptação qualificada pelo comércio de fios elétricos. Eles vão à Audiência de Custódia.

Os policiais localizaram, nos quatro estabelecimentos alvos da investigação, fios elétricos desencapados e encapados. Segundo a delegada Simone Arruda, do 3º Distrito Policial, nenhum dos suspeitos apresentou livros de registros com informações dos fornecedores dos materiais, como exige uma lei estadual de 2016, cuja obrigação é estendida a oficinas, sucatas e ferros-velhos.

Numa empresa informal localizada na rua Rio Uailã, no bairro Araceli Souto Maior, pertencente a uma pessoa de 52 anos, a polícia encontrou fios elétricos de várias bitolas. No local, os policiais apreenderam cinco sacos com, aproximadamente, 200 quilos de metal. Segundo o acusado, o material é revendido para um atravessador que leva para o Amazonas;

Os policiais ainda localizaram quatro rolos de fios de alumínio, em uma empresa formal de sucata, na Rua Abonari, no bairro São Bento, pertencente um homem de 50 anos. “Esse material é usado em ligações de energia elétrica da concessionária para o consumidor, seja residencial ou empresarial. Ou seja, as vítimas dos furtos”, disse a delegada.

Os agentes da Polícia Civil estiveram ainda na Rua Universo, no bairro Raiar do Sol, em um estabelecimento de um homem de 46 anos, que foi preso. Na empresa, que estava em situação irregular, os policiais localizaram seis sacos de fios elétricos encapados, com aproximadamente 90 quilos.

No momento da abordagem, quem estava no local era a esposa do suspeito. O casal não apresentou livro de registro de quem efetuou a venda do material. O acusado possui caminhão próprio para o transporte do material para Manaus e já tem empresa fixa com quem faz negócio.

O último estabelecimento visitado pelos policiais pertence a um venezuelano de 40 anos, e está situado na Rua José Félix Corrêa, no bairro Operário. No espaço, onde há a compra e venda clandestina de sucata, os policiais localizaram três sacos de fios elétricos encapados, com quase 55 quilos. O acusado disse à polícia que juntava o material para revender para outro estabelecimento do ramo.

As prisões foram feitas após investigação coordenada pelo 3° DP (Distrito Policial), com o apoio de policiais do Grupo de Resposta Imediata (GRI) e do Núcleo de Inteligência (NI).

Segundo a delegada Simone Arruda, a investigação começou por ordem da GRI para apurar o furto de fios de estação de distribuidora de energia para a residência ou comércio. “A investigação iniciou por meio de um boletim de ocorrência, mas durante um levantamento dos policiais foi constatado que somente neste ano foram registrados aproximadamente 92 Boletins de Ocorrências de furtos de objetos identificados como fios e cabos elétricos/telefônicos, e no ano de 2020 ultrapassou a quantia de 130 Boletins de Ocorrências”, ressaltou.

Simone Arruda observa que no caso investigado não foram localizados os autores dos furtos, mas a investigação teve continuidade no sentido de identificar possíveis receptadores dos fios elétricos.

“É importante alertar aos comerciantes, donos de ferros velhos e de sucatas que a Polícia Civil está atenta e vai cumprir a Lei Estadual nº 1099/2016. É necessário que os livros dos estabelecimentos constem os registros de aquisição deste material, de forma que eles possam comprovar a origem, tenham notas. Caso contrário podem ser presos por crime de receptação. Agindo dentro da legalidade, os comerciantes estarão se protegendo, protegendo seu negócio e à sociedade, vez que muitos cidadãos têm sido vítimas de furtos de fios elétricos”, disse a delegada.