Cotidiano

Empreendedora de sucesso dá dicas para mulheres

“Muito mais difícil do que abrir um negócio é mantê-lo, a pessoa precisa inovar e buscar excelência sempre”, diz Carla Sarni

Tatiane Ramos

Colaboradora Folha

Mesmo com as difíceis questões burocráticas para abrir e gerir um empreendimento, mulheres líderes no ramo empresarial têm contribuído para o desenvolvimento do Brasil por meio do empreendedorismo feminino, que tem crescido e chegado a patamares quase iguais aos comandados por homens. 

A grande motivação para isso é a busca de novas oportunidades de mercado. Em Roraima, no ano de 2018, as Microempreendedoras Individuais (MEIs) somavam 5,052 mil pessoas registradas e formalizadas. Atualmente, o cenário quantitativo mostra que há um total de 17,3 mil mulheres donas de negócios, das quais 14,5 mil trabalham por conta própria e 2,8 mil são empregadoras.

Carla Sarni é uma dessas mulheres que não se intimidou com as portas que se fechavam cada vez que propunha ousar na realização dos seus sonhos e venceu desafios. Casada e mãe de dois filhos, formada em odontologia pela Universidade de Minas Gerais, é uma empresária premiada como uma das lideranças femininas e está entre uma das dentistas mais renomadas do mercado nacional, com reconhecimento a nível internacional. Ela esteva na cidade para o lançamento do projeto piloto de empreendedorismo feminino do Sebrae, em Roraima, para ministrar palestra intitulada: “Tornando o não em Sim” para mulheres que já têm um negócio estabelecido ou desejam empreender de alguma forma. A palestra faz parte de um projeto da Instituição e tem como objetivo prever ações de capacitação em eventos para o fortalecimento do empreendedorismo de gênero com conferências de renome nacional.

Dentre as 3 mil marcas de franquias no Brasil, que englobam comida, vestuário, fast-food, saúde e outras, Carla Sarni, é fundadora da Rede Sorridents, que foi em 2016 a primeira franquia a ser case, objeto de estudo na Harvard Business School, considerada a melhor Universidade do mundo. A Sorridents chamou atenção por tornar o tratamento odontológico acessível às classes C e D. “Todos os anos, no mês de abril, vou à Harvard ministrar aulas para alunos de mais de 80 países, que são considerados gênios. Nesta última sexta-feira (12/7) lecionei para cerca de 60 administradores e médicos do Hospital Israelita Albert Einstein, 80% da sala era composta por homens”, conta.

Uma sugestão dela para as pessoas que estão iniciando um negócio é se capacitar, ou seja, fazer cursos na área do empreendimento que vão ajudar o desenvolvimento inicial. E para aqueles que estão atuando é buscar referências, pois todos nós precisamos de referências. “Toda empreendedora precisa se espelhar em alguém de sucesso. Para as pessoas que estão atuando, muito mais difícil do que abrir um negócio é mantê-lo, a pessoa precisa inovar e buscar excelência para o seu negócio, ela precisa sair da zona de conforto”, conclui.

Empreendedorismo feminino em Boa Vista

Tássila Mello, administradora e pós-graduada em marketing, conta que sempre empreendeu vendendo doces na época de faculdade. No final do ano de 2010, ela decidiu investir em outro negócio próprio, uma marca já conhecida no mercado. Há oito anos é proprietária de uma floricultura e em reportagem à Folha, lembra que no início, antes de atuar neste ramo, não tinha muito conhecimento então, para entender melhor, decidiu fazer pesquisas e cursos a fim de se qualificar.

“Nosso maior desafio atualmente é a logística, neste caso o frete, porque é material perecível. As flores vêm por transporte aéreo e levam em média 48h para chegar até a cidade, isso se não atrasar a mercadoria. Passando de 72 horas já temos um problema com a qualidade do produto e nos prejudica muito. Conforme a crise no Brasil e no nosso Estado, nós procuramos outros gêneros para trabalhar na loja e agregar valores, por exemplo, ao invés do cliente comprar um buquê de seis rosas, ele pode levar um sabonete líquido com um botão de rosa, ou diminuir o tamanho do buquê e comprar outros itens. Procuramos mercadoria de qualidade com preços mais acessíveis e de nível nacional”. 

Em se tratando das questões burocráticas no Brasil para o desenvolvimento de empresas, Melo diz: “Eu sou microempresária. Acredito que o governo deveria dar uma atenção maior aos microempresários e MEIs, pois estes são geradores de emprego do País”.

Projeto fortalece negócios liderados por mulheres

Kátia Veskesky Machado, gerente da Unidade Cultura Empreendedora, Mercados e Serviços Financeiros do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae/RR), conta que a mulher tem uma atuação mais assertiva e pontual quanto à percepção de mercado. “Hoje existe uma maior qualificação por parte das mulheres, o que demonstra maior nível de profissionalização das mesmas. Isso tem reflexo até mesmo em atividades básicas como cabeleireiras, esteticistas e demais funções que tem relação direta com a qualificação. Muitas procuram ainda os centros acadêmicos, em específico para as áreas de Gestão e Administração, o que traz maior visão sistêmica sobre o empreendimento, além de maior compreensão de cenários e mercados”.

Machado afirma que os desafios para as mulheres empreendedoras são constantes e estão diretamente ligados ao poder de negociação e aos ganhos monetários, pois os homens ainda ganham mais do que as mulheres e têm mais acesso a linhas de crédito. “O empoderamento de gênero é fundamental para redução das desigualdades e cada vez mais iniciativas públicas e privadas têm demonstrado interesse e preocupação em fortalecer o empreendedorismo feminino no Brasil, seja por meio de projetos, seja por meio da participação das mulheres na vida pública e em ações sociais de grande destaque. E pensando nesta perspectiva o Sebrae criou para este ano de 2019 o projeto DELAS, de fortalecimento do empreendedorismo de gênero e da valorização da mulher no mercado de trabalho”.