Cotidiano

Empresa de investimentos financeiros é alvo de operação da PF

Os suspeitos são investigados por crimes contra a economia popular, contra o sistema financeiro, exercício irregular de cargo, profissão, atividade ou função, além de associação criminosa

Com o objetivo de apurar um suposto esquema de “pirâmide financeira”, em atividade desde 2018 e que teria movimentado mais de 90 milhões de reais em menos de um ano, a Polícia Federal deflagrou na manhã desta terça-feira (20) a operação Loki*. 

Policiais federais cumprem cinco mandados de busca e apreensão em Boa Vista, expedidos pela 4ª Vara Federal Criminal de Roraima após representação da Autoridade Policial e manifestação favorável do MPF.

Uma empresa localizada em Boa Vista prometeria rendimentos de até 20% mensais de valores recebidos das vítimas, justificando os ganhos por terem, supostamente, um alto desempenho no mercado financeiro. Além disso, os clientes também receberiam um percentual do “lucro” de outras pessoas que indicassem para o grupo.

Ocorre que nem a empresa ou seus representantes possuiriam habilitação legal para operar no mercado de capitais e, conforme consta em inquérito policial, apenas uma pequena parte dos valores recebidos – aproximadamente 15% – seriam de fato aplicados. Os poucos investimentos feitos ainda seriam operacionalizados através de fundos de investimentos tradicionais, de baixo risco e retornos muito inferiores aos 20% que seriam garantidos pela empresa. 

Juntamente com outros indícios, tais como a realização de saques de quantias milionárias, fracionadas de forma a dificultar a ação de órgãos de controle, a participação financeira de suspeito já investigado pela PF em crimes semelhantes no âmbito da Operação Lamanai, de 2019, bem como a forma de atuação dos envolvidos, as investigações apontam que se trataria de mais um esquema de “pirâmide financeira”.

Conforme consta nas investigações, a empresa receberia depósitos de terceiros em milhares de operações bancárias, valores que seriam repassados para os sócios e representantes da empresa. Há evidências de que o esquema já encontraria dificuldades para realizar o pagamento aos seus clientes, indicando que começa a ruir.

Os suspeitos são investigados por crimes contra a economia popular (art. 2º, Lei nº 1.521/1951), contra o sistema financeiro (art. 16, Lei nº 7.492/1986), exercício irregular de cargo, profissão, atividade ou função (art. 27-E, Lei nº 6.385/1976), além de associação criminosa (art. 288, CP).

*O nome da operação faz alusão ao Deus da ilusão, na mitologia nórdica, em referência ao estado em que eram mantidos os clientes da empresa investigada.

A FolhaBv foi o primeiro veículo local a publicar reportagens, com relatos de investidores que se mostravam preocupados em não obter o valor investido na empresa. Segundo empresários que procuraram a Folha BV, desde ontem (19), nenhum investidor conseguiu falar com a diretora da empresa Taniah Aguiar.

Estão sendo cumpridos cinco mandados de busca e apreensão em Boa Vista (Foto: Ascom/PF-RR)

VEJA VÍDEO

Anotações encontradas pela PF com uma espécie de mantra do dinheiro: “Eu permito ter muito dinheiro, eu aceito ganhar muito dinheiro, eu recebo muito dinheiro e eu agradeço por ter recebido muito dinheiro”. Confira no vídeo abaixo: