Cotidiano

Entidades e políticos se manifestam sobre assassinato de indígena na feira

Ninguém foi preso até o momento. A yanomami era mãe de um bebê e levou dois tiros na cabeça

Entidades e políticos se manifestaram sobre o assassinato da indígena Ana Yawari Xexena, mãe de um bebê recém-nascido, com dois tiros na cabeça, ocorrido nesta sexta-feira (13). O grupo de indígenas Yanomami, oriundos da região do Ajarani, foi atacado quando acampava próximo à Feira do Produtor, em Boa Vista, Roraima, conforme reportagem publicada pela Folha

De acordo com informações apuradas pela Folha,  o ataque foi realizado por dois sujeitos que passaram de bicicleta pelo grupo, atirando contra os indígenas. Os criminosos abandonaram a bicicleta numa feira e fugiram da cena do crime. A Polícia Militar informou que registrou o caso como homicídio no 3º Distrito Policial para investigação da Polícia Civil de Roraima.

Ninguém foi preso até o momento e nenhuma investigação foi aberta sobre o caso, considerado por eles como “crime de ódio”

O grupo de yanomami atacado em Boa Vista pertence à região do Ajarani, no sul de Roraima. Há muitos anos, pessoas dessa região, principalmente da aldeia  Xexena, localizada ao Leste da Terra Indígena Yanomami, se deslocam do território para cidades como Caracaraí, Mucajaí e Boa Vista.

A primeira nota foi feita pelo ‘Partido Socialismo e Liberdade de Roraima (PSOL)’ que se solidarizou com o povo Yawari do grupo étnico Yanomami atacado na feira do produtor.

“O Psol lamenta o assassinato de Ana Yawari Xexena e o ataque a outra vítima do grupo que estava acampado na feira e o partido solicita ao poder público que investigue o ataque criminoso de ódio contra os indígenas em Boa Vista, visto que os yanomami vem periodicamente para a capital fugindo de ameaças em seus territórios”
 
A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) também se manifestou sobre o ataque.

“Nos juntamos ao Conselho Indígena de Roraima (CIR) e à Hutukara Associação Yanomami (HAY) em repúdio a mais uma violência contra o povo Yanomami. Exigimos que as autoridades investiguem com diligência os responsáveis pelo ataque. Conforme já foi afirmado pela HAY, a disposição em assassinar indígenas de passagem pela cidade, reunidos pacificamente em local público, configura crime de ódio e deve ser investigado como tal. A Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab) presta sua solidariedade à família das vítimas e ao povo indígena Yanomami, que além de enfrentar contato forçado com garimpeiros e invasores em suas terras, sofre constantes violências e intimidações ao buscar apoio na cidade”.

O Conselho indígena  de Roraima, também manifestou seu apoio as lideranças Yanomami.

“Manifestamos também nosso Repúdio a mais esta violência contra a população indígena que sofre e vem sofrendo com inúmeras perdas desde crianças a mulheres e homens. Corroborando assim com a nota da HAY – Hutukara Associação Yanomami, pedindo uma investigação minuciosa sobre mais este caso, que não deverá e nem pode ficar impune, pois uma criança está órfã e uma família perde um de seus membros em um ato covarde e sem precedentes, novamente a um povo que saiu de suas terras devido ao contato forçado com invasores e garimpeiros onde perderam parte de suas terras, e sua Territorialide ancestral”

A Hutukara Associação Yanomami (HAY) divulgou um comunicado na tarde deste sábado (12) classificando como “a sangue frio” e “crime de ódio”.
“As autoridades precisam investigar com diligência os responsáveis pelos ataques e o que os motivou. A disposição em assassinar indígenas de passagem pela cidade, reunidos pacificamente em local público, configura crime de ódio e deve ser investigado como tal”, disse a nota da HAY, entidade dirigida por Dario Yanomami, filho do líder Davi Kopenawa. 

“A presença do grupo Yanomami que foi alvo de ataques na cidade tem sido constante motivo de queixas preconceituosas contra os mesmos ignorando não só a situação de vulnerabilidade a que ficam sujeitos quando estão na cidade como também alimentam a discriminação contra os indígenas Em razão das suas particularidades culturais e modos de vida mais órgãos públicos precisam criar condições para que este e outros grupos de passagem tenham um local de referência com boas condições para recebê-los durante sua estadia na cidade enquanto encaminhe as questões de seu interesse da região do Ajanari, região onde as comunidades foram mais duramente atingidas. Pelo impacto da abertura da estrada norte anterior a demarcação da terra indígena e a levou a morte de parcelas significativa da população dessas comunidades desestruturação da comunidade e de seus mecanismo de controle social. E a ação civil pública ajuizada pelo Ministério Público Federal ficou reconhecida a responsabilidade do estado pela situação que esses indígenas foram deixados e em tomar medidas de reparação para as comunidades afetadas e a FUNAI sobre a regularidade do atendimento de saúde e o funcionamento da base. Que deveriam garantir ao grupo indígena as condições de sua permanência na comunidade sujeitos plenos de direito e igualdade com os demais cidadãos brasileiros contra os indígenas”

A deputada Federal Joenia Wapixana também se manifestou diante do ocorrido.

“Diante do ataque ao grupo de indígenas Yanomami na Feira do Produtor, em Boa Vista, ocorrido ontem, quando desconhecidos atiraram contra os indígenas, deixando uma mulher morta e um ferido, solicitarei ao MJ, PF e a CDHM da Câmara, apuração e providências imediatas. Não podemos normalizar a violência contra os povos indígenas e os Yanomami, constantemente, estão sendo atacados. Basta de violência e morte!”