Cotidiano

Exposição excessiva a eletrônicos faz mal para crianças

Superexposição pode afetar a qualidade do sono, aprendizagem, e comportamento, além de ocasionar problemas de visão

A exposição prolongada à tablets, celulares e outros dispositivos eletrônicos ligados à internet, podem trazer sérias consequências na saúde das crianças. O alerta foi feito pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) com o objetivo de também conscientizar os pais dos malefícios escondidos em sites mal intencionados e ao desenvolvimento do consumo saudável das tecnologias. 

Giovanna tem apenas quatro anos de idade e segundo a mãe, Fabiola Guerra, a menina já é viciada em dispositivos móveis desde os dois anos de idade e chega a passar três horas por dia em frente à tela do tablet. 

“Meu esposo comprou um tablet para uso pessoal e a Giovana se apossou do eletrônico dizendo que pertencia a ela. Sozinha, consegue baixar jogos e assistir a vídeos em uma plataforma digital. Após o caso de pegar ela assistindo um vídeo incentivando que crianças se machucassem, agora monitoro de perto tudo o que ela faz”, disse a mãe.

Ainda de acordo com Fabiola, a filha tem mudanças de humor quando perde em jogos, o que fez com que retirasse o tablet de Giovanna por diversas vezes, além de ter sido diagnosticada com miopia. “Ela tem mudanças constantes de humor, fica bastante chateada quando escondo o aparelho. Recentemente foi ao oftalmologista e descobrimos que tem miopia severa, mas não sei se foi devido à exposição à tela” explicou.

Pais devem controlar uso de tecnologia, diz psicopedagoga 


A psicopedagoga Alcilene Guimarães falou sobre a importância de monitorar o uso das tecnológicas por crianças (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Conforme recomendação da SBP, crianças com idade de até cinco anos só devem ficar expostas às telas de computadores por no máximo 1 hora. A superexposição pode afetar a qualidade do sono, atenção, aprendizado e regulação do humor com riscos de desenvolverem depressão e ansiedade. 

Psicopedagoga alerta sobre risco a crianças que fazem uso constante de tecnologias 

A psicopedagoga Alcilene Guimarães falou sobre a importância de monitorar o uso das tecnologias por crianças. De acordo com ela, a nova geração nasce inclusa no mundo digital e não existe possibilidade de proibição, mas sim de monitoramento e estabelecimento de regras quanto aos horários e tempo de consumo.

“A tecnologia não é o mal, mas sim a forma como é utilizada. Crianças não possuem autonomia de escolha, é preciso que os pais como agentes façam essas escolhas saudáveis aos filhos. Existem diversos casos em escolas de alunos que chegam no espaço escolar reproduzindo comportamentos aprendidos em jogos ou vídeos, ao ponto de convocarmos os responsáveis para conversar sobre o assunto. Tudo requer um equilíbrio, portanto horários devem sim ser impostos”

Alcilene Guimarães também explica que sem a fiscalização dos pais os pequenos podem ter contato com vídeos de violência e até pedofilia.

“Nos jogos online existem chats que podem interagir com as crianças. Não sabemos quem está do outro lado da tela, por isso atenção redobrada. Crianças também têm tendência a serem competitivas e ansiosas, então jogos que estimulam comportamentos agressivos devem ser revistos. A tecnologia pode sim ser ferramenta para aprendizagem, e com moderação é possível fazer bom uso” disse a psicopedagoga.

Exposição às telas pode ocasionar miopia, diz oftalmo


Oftalmologista Marcelo Moreira: a visão das crianças possui sensibilidade às luzes fortes (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A exposição frequente de crianças em frente ao brilho da tela vinda de dispositivos eletrônicos pode ocasionar doença nos olhos chamada miopia. De acordo com o médico Oftalmologista Marcelo Moreira, a visão das crianças possui sensibilidade às luzes fortes e até os sete anos de idade passa por desenvolvimento. Caso ocorra excesso de exercícios da visão no período de desenvolvimento, a criança apresentará dificuldade para enxergar.

“O excesso de visão para perto terá como resultado a miopia. O ideal é uma distância de 40 cm com no máximo 20 minutos de duração. Uma dica é programar despertadores para lembrar das pausas. Também é importante que as crianças visitem os oftalmologistas dentro do primeiro ano de vida. Não havendo problemas as consultas podem ser realizadas uma vez por ano”, concluiu.