Cotidiano

Ibov tem a maior queda mensal desde as baixas da pandemia

Confira na coluna do analista de Mercado, Mateus Lima

Março de 2020 foi marcado pelo pânico gerado não somente no setor da saúde, mas no mercado financeiro que registrou uma desvalorização de 29,90%. Oscilação parecida com as que ocorreram na grande depressão de 2008.

Desde então o principal índice da bolsa de valores brasileira vem se recuperando passando por períodos mistos de altas e baixas como normalmente acontece. O grande destaque porém, é o cenário que colaborou para uma desvalorização de -10,10% no mês de Abril que acabou de se encerrar.

Tudo começou a piorar algumas semanas atrás quando presidentes dos bancos centrais pelo mundo começaram a alertar aumentos mais agressivos de juros para ajudar a conter a inflação que se tornou um problema global por causa da guerra na Ucrânia e da pandemia.

Na coluna que escrevi na semana passada, mencionei esses eventos e o risco da saída agressiva de capital estrangeiro. Na sexta-feira passada (29) o mercado teve a sua maior confirmação de capital internacional sendo liquidado no Brasil.

O contrato futuro de Ibovespa começou o dia em forte alta, chegou a subir mais de 2% até o início da tarde onde tinha pela primeira vez mostrado uma variação semanal positiva, até que um dos maiores bancos do mundo JP Morgan começou um processo agressivo de venda de mini contratos.

Normalmente já chama a atenção do mercado quando um instituição especifica compra ou vende quantidades acima de 50 ou 80 mil contratos futuros, mas dessa vez, o banco estrangeiro vendeu mais de 240 mil mini contratos de índice futuro, sendo o principal vilão nas fortes quedas que levaram o maior índice da bolsa brasileira a fechar a sexta-feira e a semana com -1,86% e -2,88% respectivamente.

Seria isso a realização de lucro de uma posição comprada a muitos meses atrás? Ou pior, é a abertura de uma posição vendida (apostando na queda) se preparando para surpresas negativas em uma semana recheada de indicadores econômicos relevantes incluindo a decisão da nova taxa de juros americana quarta-feira? Nenhuma das opções acima é boa, as duas retratam pessimismo no Brasil e no mundo.

Com o fechamento do mês foi possível identificar o setor que mais colaborou para as quedas da nossa bolsa, e o varejo novamente lidera das maiores desvalorizações lado a lado com as empresas de tecnologia. Locaweb (LWSA3) caiu 29,01%, Viia (VIIA3) 28,78% e Magazine Luiza (MGLU3) 28,45% enquanto na ponta positiva os destaques são Petro Rio (PRIO3) subindo 12,14%, CPFL energia (CPFR3) e Eletrobras (ELET6) reforçando que em momentos de crise, empresas de energia não as mais robustas no mercado.