Cotidiano

Interiorização será prioridade em 2020 

Desde quando iniciou a interiorização da Operação Acolhida, em 5 de abril de 2018, já foram enviados 24. 364 venezuelanos para outros estados

Em 2020 o foco da Operação Acolhida será a interiorização dos imigrantes para outros estados e desafogar o fluxo de pessoas nos abrigos e nas ruas de Boa Vista e Pacaraima, segundo informou o tenente-coronel Castro Freitas, porta-voz da Operação Acolhida em Roraima. 

Desde quando iniciou a interiorização da Operação Acolhida, em 5 de abril de 2018, já foram enviados 24.364 venezuelanos para outros estados, sendo que destes, aproximadamente 16 mil foram através da Acolhida e 8 mil foram enviados pela sociedade civil organizada e evangélica, entre elas os mórmons, de Carlos Wizard, que foram responsáveis por 6 mil interiorizações.    

“Até abril deste ano, a operação interiorizava cerca de 500 pessoas por mês e agora, em outubro, foram enviadas 3.067. Isso mostra que nosso foco já está sendo interiorizar, mas em 2020 vamos aumentar estes números”, afirmou.

Para alcançar o objetivo em 2020, o porta-voz disse que foram feitos planejamentos estratégicos e entre eles destacou que será aberto um Hub (concentração de pessoas e informações), em Manaus-AM, que oferece um leque de ofertas de vôos ampliados para interiorizar as pessoas.

“Em Boa Vista são poucas empresas e poucos horários de vôos e em Manaus esse número aumenta bastante e a passagem tem custos menores”, disse.

Há a intenção também de implementar outros modais de transportes, como o hidroviário, saindo de Boa Vista até Manaus de ônibus, e de lá até Belém-PA e Porto Velho-RO, de barco. 

“Tanto em Belém, como em Porto Velho há casas de passagens para receber as pessoas que permanecem por até cinco dias e embarcam de ônibus para os vários destinos no Brasil”, disse. “Isso vai baratear custos e aumentar o número de pessoas interiorizadas”, afirmou. “Além de Brasília, onde vamos fazer uma casa de passagem e atingir outros locais mais rapidamente”, complementou.

Os estados que mais recebem os imigrantes, pela sequência, são: Amazonas, com aproximadamente 3.100; São Paulo, com 1.400; Santa Catarina, com 1.300; Rio Grande do Sul, com 1.250, Paraná, com 1.200 e Mato Grosso do Sul, com 1.100.

Castro citou que a Operação Acolhida está sustentada em três pilares: O Ordenamento de fronteira, “que já ocorreu com a restauração da ordem na fronteira”; O abrigamento, “que já passou a ser uma rotina e que não necessita de um aperfeiçoamento” e; a interiorização. “Esta sim estamos tentando a cada dia melhorar para dar visibilidade à operação”, afirmou. 

Ele destacou que a ONU considera a Operação Acolhida como referência no mundo, por ser uma operação diferente da Síria e outros países que estão em guerra.

“Aqui é diferente. Recebemos refugiados de uma crise humanitária”, disse.

Ele informou ainda que a entrada de venezuelanos pela fronteira do Brasil, em Pacaraima, continua de 500 a 600, em média, por dia, mas destacou que, diferente do início da demandada, muitos regressam no mesmo dia para a Venezuela.

“Tem se percebido que a grande maioria dos que estão vindo ao Brasil agora é apenas para comprar alimentos e voltam para Venezuela. Outros vêm para turismo, outros vêm regularizar documentação e tem os que atravessam a fronteira para tomar vacinas, e retornam”, disse. (R.R)

Interiorização é definida por 5 modalidades 

A prioridade dos homens irem primeiro se trata de uma questão cultural da Venezuela 

Quanto aos critérios usados para escolher os imigrantes que são interiorizados, o tenente-coronel Castro informou que não há distinção, mas há cinco modalidades a serem cumpridas.

“São homens ou mulheres, geralmente vão primeiro os homens e deixam as mulheres e as crianças e depois que chegam ao destino, que conseguem trabalho, recebem os primeiros salários e entram em contato para informar que já conseguiram moradia, aí a família vai até um posto de triagem e dá as informações repassadas pelo marido. Checamos as informações e, se verdadeiras, enviamos a família para a reunificação”, disse.  

Ele explica que a prioridade dos homens irem primeiro se trata de uma questão cultural da Venezuela. “Muitas vezes a família ainda está na Venezuela, ou se está em Roraima, esta família fica em um dos abrigos aguardando o contato do marido”, afirmou.       

As cinco modalidades de interiorização descritas são: 1 – Previsão de Vaga de Emprego Sinalizada (Peves), que é a principal. Quando é feita a consulta ao sistema acolhedor, que é onde são lançadas todas as informações pessoais e profissionais do imigrante.

“Com estes dados tentamos fazer o casamento entre o empresário e o venezuelano e garantir a vaga de emprego”, disse.

2 – Reunificação familiar. “É a segunda etapa e acontece depois de checar as informações de que o marido, que já foi interiorizado, está em condições de receber a família e embarcamos num avião da Força Aérea até a base aérea mais próxima e, de lá, vai de ônibus contratado até o destino”, disse.   

3 – Reunião Social. “É semelhante à reunificação familiar, só que de um grupo de amigos ou de vizinhos. Algum imigrante que foi interiorizado e que entra em contato para dizer que está bem, trabalhando e instalado, e que tem condições de ajudar os outros”, disse. “Pode também ser um empresário ou alguém que quer acolher estas pessoas e, todas as informações também são checadas e, neste caso, quem for não tem a previsão de emprego da Operação Acolhida”, afirmou. “Estas informações são checadas para evitar a cooptação para o crime ou o tráfico de pessoas”, complementou.   

4 – A quarta modalidade é a interiorização feita pela sociedade civil organizada. “Que recebem as famílias e procuram enviar para outros estados através das igrejas católicas e evangélicas, ou até pessoas, como o senhor Carlos Wizard, que compra passagens para levar os imigrantes para cidade destino e lá tem uma equipe para acolher estas pessoas e conseguir emprego”, disse.

5 – A quinta modalidade é a Institucional, onde o imigrante sai de um abrigo da Operação Acolhida e vai para outro abrigo administrado pelo Estado ou pelo Município. “É uma forma de acelerar o processo de interiorização e amenizar o inchaço que acontece em alguns abrigos e a ida para outros estados que estão recebendo os imigrantes”, disse. 

Em relação aos recursos para execução dos trabalhos em 2020, o porta-voz disse que não estaria com os dados para repassar. (R.R)