Cotidiano

Líder indígena e esposa vencem a Covid-19 e ganham alta  

Jacir José de Souza, de 72 anos, é uma das principais lideranças da luta pela legalização da Terra Indígena Raposa Serra do Sol

Após tantas perdas entre os povos indígenas de Roraima, uma boa notícia trouxe alivio durante esta segunda-feira (29). O líder Macuxi Jacir José de Souza, de 72 anos, e sua esposa, Eldina Gabriel, venceram a Covid-19 e receberam alta hospitalar. Atualmente, o Estado possui 4.370 pessoas recuperadas.

A informação foi divulgada pelo Conselho Indígena da Roraima (Cir) em rede social.

“Em tempos de tantas angústias pela perda de grandes lideranças, momentos como este nos trazem esperança e nos mantêm firmes”, diz trecho de publicação do Cir.

A deputada federal Joenia Wapichana também comentou sobre a recuperação do casal de indígenas.

“Depois de muitas notícias ruins, vítimas de Covid-19, recebemos hoje a boa notícia da alta do líder Jacir Macuxi e sua esposa, Eldina Gabriel, da Raposa Serra do Sol. Jacir, um grande líder indígena brasileiro que venceu Covid-19. Seguimos e pedindo por aqueles que continuam lutando pela sua recuperação”, comemora na postagem.

HISTÓRIA

Jacir José de Souza, pai de 19 filhos (sendo nove com a atual esposa, Eldina), é uma das mais importantes lideranças da luta pelo reconhecimento da Terra Indígena Raposa Serra do Sol, ocorrido em 2009, após decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). No mesmo ano, ele ficou em 1º lugar na categoria Liderança Individual do Prêmio Chico Mendes de Meio Ambiente.

O líder macuxi se tornou tuxaua da Maturuca aos 30 anos de idade em 1977, após decisão da comunidade. Porém, desde os 20 anos já acompanhava a Assembleia Geral dos Tuxauas.

Jacir foi o autor da ideia de criação de conselhos na região das Serras para ajudar os tuxauas que tivessem dificuldades no comando do povo. A iniciativa também ajudou a criar o Conselho Indígena de Roraima (CIR).

A sua luta o levou para fora do país, onde buscou apoio na reivindicação dos povos indígenas contra a violência e a discriminação. Ele também chegou a ser recebido pelo Papa João Paulo II e Papa Bento XVI.