Cotidiano

Mais de 20% da tuberculose em RR está dentro dos presídios

Caso de tuberculose em unidades prisionais preocupa autoridades

O Governo de Roraima em parceria com o Ministério da Saúde e o Depen (Departamento Penitenciário Nacional) está colocando em prática o Projeto: “Presídios Livre da Tuberculose”, que visa erradicar a doença nas unidades prisionais do país. Roraima é um dos primeiros Estados a implantar o projeto, na Pamc (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo).

O projeto fala do diagnóstico precoce e o tratamento adequado em toda a comunidade que circula dentro das unidades prisionais, que inclui as pessoas privadas de liberdade, seus familiares, os servidores que atuam nesse sistema prisional, agentes penitenciários, agentes de saúde, servidores do judiciário.

De acordo com o Ministério da Saúde mais de 20% dos casos de tuberculose do Estado estão dentro dos presídios. Uma pessoa no sistema prisional tem 28 vezes mais chances de ser contaminada com a tuberculose do que a pessoa fora da unidade

Por causa disso, o Governo Federal elegeu como prioridade de falar de tuberculose no sistema prisional e colocar em prática o Projeto: “Presídios Livre da Tuberculose.

Objetivo é erradicar a doença nas unidades prisionais do país. Roraima é um dos primeiros Estados a implantar o projeto, na Pamc (Penitenciária Agrícola de Monte Cristo). A ação ocorre em parceria com o Governo de Roraima e o Depen (Departamento Penitenciário Nacional).

A organizadora do projeto Letícia Maranhão disse que o objetivo é mexer nos índices de tuberculose no Brasil. “Hoje o sistema prisional coloca o Brasil em uma situação crítica em relação à tuberculose no mundo. Vamos informar e desmitificar a tuberculose para os detentos, os familiares dos presos e para a comunidade que visita as unidades prisionais. Uma pessoa doente no sistema prisional, não fica só no sistema a doença perpassa os muros, porque familiares e servidores voltam pra casa e podem levar a doença”, disse.

COMO FUNCIONA O PROJETO – A Penitenciária Agrícola de Monte Cristo é um foco do projeto, mas todas as unidades prisionais do Estado irão receber material.  Em Roraima foram escolhidos um apoiador e três mobilizadores que vão abordar familiares, capacitar os servidores para desconstruir alguns estigmas, alguns preconceitos sobre a tuberculose.

“Esses apoiadores e mobilizadores têm o papel de conversar e acessar os familiares das pessoas presas, os servidores para fechar um grande grupo de pessoas capacitadas e entendendo melhor como funciona a dinâmica da doença”, afirmou Maranhão.

Serão enviados para Roraima um laboratório na unidade prisional para processar o resultado dos exames, trazendo agilidade no diagnóstico e no tratamento e o material informativo de como funciona o diagnóstico e o tratamento da doença.

O Jthonatha Tharlys é o apoiador do projeto no Estado, e terá a responsabilidade de fazer a ponte entre o Ministério da Saúde e a Sejuc (Secretaria de Justiça e Cidadania), e responsável pela estrutura, além de repassar as orientações internacionais a todos do projeto. Para ele foi uma honra ter sido escolhido.

“A gente vai procurar trabalhar nessa articulação entre a Sejuc e os demais órgãos na possibilidade de dar continuidade ao tratamento da tuberculose dentro dos presídios. Nós faremos a observação nas filas de visita, um trabalho educacional com os internos, os servidores e estendendo aos seus familiares”, explicou.

De acordo com o governo do estado, os casos da doença na Penitenciária de Monte Cristo estão sob controle. Desde novembro de 2018 foram confirmados 23 casos da doença. ‘Desses três detentos já foram curados, e os outros 20 presos estão fazendo tratamento e estão separados dos demais reeducandos’.

Todos os presos que chegam à unidade prisional passam pela triagem, e os que apresentam os sintomas fazem a coleta do escarro. Quando há confirmação do caso, o preso é separado e inicia o tratamento.

O secretário de Justiça e Cidadania, André Fernandes, explicou que nos anos anteriores não havia o controle de doenças na Pamc. “Hoje todos os doentes estão fazendo tratamento. Não só o de tuberculose, como outras enfermidades. Agora com esse projeto podemos dar um passo adiante e erradiacar a doença, não só na Pamc, mas em todos os presídios de Roraima”, disse.

 Para a organizadora do projeto “Presídios Livre da Tuberculose”, a nova fase que passa o sistema prisional de Roraima possibilita a instalação do projeto.

 “Essa alteração na gestão e na forma de conduzir o sistema prisional é de extrema importância e o projeto está bebendo dessa fonte, dessa nova fase que o sistema de Roraima está vivendo. A ideia é aproveitar toda essa organização e erradicar a tuberculose”, enfatizou Letícia Maranhão.