Cotidiano

Mais de 600 pacientes ficam sem quimioterapia em hospital de RR

A informação foi repassada por um diretor da Unacon a uma familiar de paciente

Os problemas na saúde roraimense continuam. Desde a última sexta-feira, 14, pacientes com câncer do Hospital Geral de Roraima (HGR) não recebem tratamento com quimioterapia por falta de medicamento na unidade.

O motivo, segundo os familiares dos pacientes, é a falta de pagamento do Governo do Estado ao Centro Oncológico de Roraima (Cecor), responsável pelo repasse das medicações. Desde então, cerca de 600 pacientes estão sem receber o tratamento.

Nesta quarta-feira, 19, familiares estiveram no HGR em busca de informações sobre a situação, mas não obtiveram respostas. Geiciane Silva, que é filha de um paciente, contou que a sala de quimioterapia está vazia.

“Me disseram que o Governo não está pagando o Cecor, por isso eles não repassaram a medicação. O pior de tudo foi saber que não há previsão para as sessões voltarem. Como fica a situação do meu pai?”, disse.

O pai de Geiciane realiza o procedimento há seis meses, desde que recebeu o diagnóstico de um tumor no pulmão. “Ele começou com o tratamento, mas não houve reação. Então retornamos com a químio para tentar controlar o tumor que está crescendo”, explicou. Só durante as horas que esteve no HGR durante a manhã, ela encontrou cerca de 10 familiares de pacientes em busca de respostas.

A esposa de um paciente, Francilda Rocha, relatou que o marido foi diagnosticado com câncer no pulmão e realiza o tratamento há três meses. Conforme a explicação, o paciente ainda precisa de, no mínimo, mais três meses de quimioterapia. “Uma enfermeira me aconselhou a procurar à imprensa porque não tem previsão para liberar o medicamento”, frisou.

O mesmo conselho foi dado à Marleide Soares, irmã de uma paciente diagnosticada com câncer de mama. Segundo ela, a irmã é submetida a uma sessão de quimioterapia por semana desde fevereiro deste ano. Na última sexta-feira, contudo, não foi atendida.

“Um diretor do Unacon me disse que 600 pacientes estão sem quimioterapia por conta desse descaso do governo e que não há o que fazer, a menos que essa dívida seja paga”, concluiu.

A informação dada pela familiar do paciente foi confirmada o e iadministrador do Centro Oncológico de Roraima (Cecor), Edilberto Fonseca, que explicou que a empresa não repassou os medicamentos em razão de uma dívida do Governo junto ao Centro.

Conforme relato, a gestão está devendo quase R$1 milhão, sendo R$560 mil referentes aos meses de outubro, novembro e dezembro de 2018 e cerca de R$ 430 mil referentes a abril e maio deste ano.

Na semana passada, o Cecor chegou a um acordo com o até então secretário de Saúde, coronel Élcio Franco. No entanto, a exoneração do mesmo, na segunda-feira, 17, acabou com o acordo.

Hoje, 19, após uma reunião entre a empresa e a atual secretária de Saúde, Cecília Lorenzom, um novo acordo foi firmado para que os atendimentos voltem ao normal na segunda-feira, 24.

“Ela ficou de pagar até hoje, 19, o equivalente ao mês de abril e até segunda-feira, 24, o equivalente ao mês de maio. Em relação aos outros meses, será feito um processo de reconhecimento da dívida para uma verba suplementar. Só então será efetuado o pagamento. Ela me garantiu que faria isso o mais rápido possível, porém não pôde precisar uma data”, finalizou.

Governo diz que atendimentos voltam ao normal na próxima semana

Sobre o caso, a Secretaria Estadual de Saúde (Sesau) disse que após reunião realizada com os representantes da empresa, Cecor, responsável pela realização dos tratamentos quimioterápicos, no início da tarde desta quarta-feira, 19, a Secretária efetuou o pagamento referente à nota do mês de abril de 2019.

O governo informou ainda que o pagamento referente ao mês de maio está em fase de finalização dos trâmites administrativos na Secretaria para, em seguida, ser encaminhado aos órgãos de controle para análise.

“A secretaria esclareceu que, assim que todos os trâmites administrativos e legais forem concluídos, o pagamento será efetuado, considerando que o cumprimento dos prazos está determinado por Lei. Informou ainda que ficou acordada em reunião a retomada dos serviços aos pacientes oncológicos na próxima semana”

Publicidade