Cotidiano

Mais de 80 pessoas estão em processo de habilitação para adotar

Apesar do processo de habilitação ser rápido, encontrar uma criança é a parte mais difícil, afirma assistente social

#SemTempo? Confira o resumo da matéria:

”  O casal Vera Sabio e Waldecir de Andrade adotaram Ana Clara após três anos na fila de espera. A menina é indígena e quase foi morta ao nascer, pois possui polidactilia. O processo de habilitação dos pretendentes é mais rápido, já que para as crianças e adolescentes serem colocados para adoção é preciso análise do Ministério Público e da Justiça. “

A adoção é cercada de mitos na sociedade e não é apenas pegar uma criança para criar, segundo a assistente social da 1ª Vara da Infância e Juventude, Maria Auristela. Existem procedimentos e pré-requisitos para que os pretendentes sejam considerados aptos, conforme a lei nº 12.010/2009, do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA).

Mesmo que a parte de habilitação seja rápida e possa durar de seis meses a um ano, o momento até a adoção de uma criança ou adolescente que se enquadre no perfil solicitado, pode demorar anos.

“A habilitação é um processo tranquilo, não demora. Agora, encontrar a criança desejada, no contexto das crianças que estão em situação de risco, esse que é o grande desafio. Quem diz que essas crianças estão para ser adotadas, é o Ministério Público, o órgão principal para definir que uma criança está apta para ser adotada, quando o poder familiar é destituído e ela  deixa de ter os pais biológicos como os responsáveis”, explicou Maria.

CASO – Mãe de um rapaz de 21 anos do primeiro casamento, a funcionária pública Vera Sabio, 46, sonhava em ser mãe de uma menina. Infelizmente, o marido dela, o terapeuta Waldecir de Andrade foi diagnosticado como infértil. A saída para o desejo de aumentar a família foi a adoção. Assim como eles, mais de 80 pessoas estão no processo que os tornam aptos a adotar uma criança ou adolescente em Roraima, de acordo com a 1ª Vara da Infância e Juventude.

Em um primeiro momento, eles viveram uma experiência frustrante. Uma menina foi entregue ao casal pela avó e a mãe biológica que até então estava sumida, mas reapareceu 47 dias depois solicitando a guarda da criança, antes que conseguissem entrar na Justiça para a adoção.

A espera da família acabou após três anos quando foram declarados aptos e puderam conhecer a pequena Ana Clara, de quatro anos. O detalhe mais importante desta história é que o casal possui deficiência visual e a menina – que é indígena – quase foi morta ao nascer, já que possui polidactilia, quando uma pessoa nasce com mais que cinco dedos no pé ou mão.

 “Meu marido se apaixonou primeiro do que eu. Foi pai mesmo já no primeiro encontro. Demoraram mais ou menos três anos até que a gente teve a oportunidade de conhecer a Ana Clara no abrigo e na verdade, ela nos escolheu. Tinham três crianças e ela foi logo para o colo do meu marido. Já foi se achegando”, relatou Vera.

Hoje, com 10 meses de convivência, o clima da casa mudou e a menina inclusive já adquiriu características do comportamento dos pais, por exemplo.

“Foi mesmo muito emocionante, principalmente pra meu marido que nunca tinha sido pai. Ana Clara é a luz aqui de casa. Todo mundo gosta muito dela. Minha sobrinha é madrinha dela, meu filho é padrinho, então assim ela faz parte mesmo da família”, compartilhou Vera, acrescentando que nesse meio tempo Ana Clara tem se desenvolvido melhor, crescendo 13 cm em oito meses.