Cotidiano

Mais de R$ 500 mi são movimentados em cinco anos pela Coopebras

Polícia Civil pede indiciamento de diretores funcionários e médicos cooperativados a Coopebras (Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos em Saúde)

A Polícia Civil de Roraima, por meio da Delegacia de Crimes Contra a Administração Pública (DRCAP), protocolou no Ministério Público de Roraima (MPRR) o relatório final do inquérito policial número 025/2019. A PCRR pede o indiciamento de 13 pessoas, entre diretores e funcionários da Coopebras (Cooperativa Brasileira de Serviços Múltiplos de Saúde) e profissionais médicos cooperativados que não cumpriam a carga horária nas unidades de saúde do Estado, mas, supostamente, eram pagos como se tivessem cumprido a escala de plantão.

O relatório final informa que o inquérito policial teve início em abril do ano passado, após várias notícias veiculadas na mídia local, questionando a ausência de profissionais médicos para atendimento à população nas unidades de saúde. A partir dessas denúncias, a polícia realizou oitivas e o relatório de investigação preliminar desse trabalho apontaram fortes indícios de um esquema de pagamento de plantões não foram cumpridos, com envolvimento de cooperados e do setor administrativo da cooperativa de médicos. Foram ouvidos 34 pessoas, entre servidores da Secretaria de Estado da Saúde, médicos e cooperados e funcionários da Coopebras.

A partir daí começaram as investigações, por meio da Operação Hipócrates, tendo como foco a apuração dos possíveis crimes de peculato, falsidade ideológica e organização criminosa, com fortes indícios de lavagem de recursos no âmbito do serviço público, mais precisamente na Secretaria Estadual de Saúde, onde médicos não estariam cumprindo a carga horária completa de trabalho e a Coopebras, empresa contratada pelo Governo, supostamente estaria desviando dinheiro público.

CONDUTA CRIMINOSA

Depois de analisada a documentação e com base nas oitivas realizadas, a Polícia Civil apontou os crimes praticados pelos investigados, gestores da Coopebras: Organização Criminosa; Corrupção Ativa; Falsidade Ideológica e Lavagem de Dinheiro.

MANDADOS

Diante do cenário, a Polícia Civil representou pela primeira cautelar de busca e apreensão na sede da Coopebras, no Hospital Geral de Roraima, em em duas clínicas médicas, além de que no mesmo pedido foi solicitada a busca dos aparelhos celulares de médicos investigados. Com provas suficientes da suposta prática dos delitos em apuração, os investigadores representaram pela prisão preventiva dos integrantes da diretoria da cooperativa, bem como representaram por nova busca e apreensão, com intuito de reforçar ainda mais a investigação.

No dia 28 do mês passado, a operação cumpriu seis mandados de prisão, que foram decretados pela Justiça. Desse total, dois foram cumpridos. Uma pessoa se entregou e outra foi presa durante a operação.

São considerados foragidos:

Edivaldo Pereira Vieira – 59 anos, vice-presidente da Coopebras em Roraima;

Esmeralda Menezes Vieira – 51 anos, esposa de Edivaldo e responsável pelas empresas no estado da Bahia;

Maria Odélia Paulino de Lima – 60 anos, responsável pelo setor financeiro da cooperativa;

Edilson Pereira Vieira – 52 anos, responsável pela parte operacional, inclusive pelas escalas.

COOPEBRAS

Na análise bancária da Coopebras, a Polícia Civil concluiu que a movimentação total de recursos feita pela cooperativa, no período de 2014 a 2019, foi de R$ 597.514.494,56, sendo que 88,92% se deu no Banco do Brasil, responsável pelo recebimento dos recursos de Fundos de Saúde do Estado; cerca de 7,72% foi movimentado no BANCOOB (Banco Cooperativo do Brasil) e 3,35% foi movimentado no Banco Santander.

INDICIAMENTO

No relatório final enviado ao Ministério Público de Roraima, a Polícia Civil pede o indiciamento dos supostos envolvidos. A PCRR justifica o pedido, dizendo que a conduta de cada um deles, esclarecida a dinâmica de como os fatos aconteceram e os resultados das ações deles, restaram comprovadas a autoria e materialidade dos supostos crimes em apuração.

Os nomes foram preservados, por se tratar de um pedido de indiciamento.

01 – D.W.B. – médico, cooperado e atual presidente da Coopebras;

02 – E.P.V. – diretor vice-presidente;

03- E.M.V. – responsável pela administração e gestão da filial da cooperativa na cidade de Salvador, capital da Bahia;

04 – E.P.V. – gerente operacional da Coopebras;

05 – V.V.B. – contador da cooperativa e sobrinho de Edivaldo Pereira Vieira;

06 – M.O.P.L. – diretora administrativa-financeira;

07 – S.A.F.S. – cooperativado;

08 – J.S.A. – cooperativado.

09 – L.P.F. – médico e cooperativado da Coopebras;

10 – F.Q.P. – médico;

11 – L.E.B.G. – médico;

12 – I.F.S. – médico;

13 – H.T.G. – médico.

POLÍCIA CIVIL

A Polícia Civil de Roraima informou, por meio da DRCAP (Delegacia de Repressão aos Crimes Contra a Administração Pública), que o inquérito foi relatado e encaminhado ao Ministério  Público. Informou ainda que as diligências continuam sendo realizadas para se cumprir os mandados de prisão contra os quatro foragidos.