Cotidiano

Mais de mil indígenas Yanomami são infectados pela Covid-19

Por conta disso, a Hutukara Associação Yanomami lançou cartilhas em cinco diferentes línguas com recomendações aos indígenas

De acordo com a Rede Pró-Yanomami e Ye’kwana, há 1.050 casos confirmados de Covid-19 entre indígenas da etnia, nove óbitos e 12 óbitos suspeitos.

Por conta disso, a Hutukara Associação Yanomami lançou cartilhas em cinco diferentes línguas com recomendações aos indígenas. A iniciativa, que conta com o apoio do Instituto Socioambiental (ISA), acontece para reforçar a prevenção.

“Se alguma pessoa estiver se sentindo doente, não divida o tabaco nem as cuias, nem colheres, pratos ou copos. Não vá para as cidades!”, estão entre as recomendações que foram traduzidas do português para quatro das seis línguas Yanomami (Yanomam, Yanomamɨ, Ninam e Sanöma) e também para o Ye’kwana – línguas dos dois povos que habitam a Terra Indígena Yanomami.

A cartilha está sendo distribuída nas comunidades indígenas (Foto: Divulgação)

Foram produzidos 90 banners e 2.300 cartilhas em quadrinhos, que estão sendo distribuídos em mais de 70 comunidades localizadas na Terra Indígena Yanomami. No território, que se estende por 96.650 km² nos estados de Roraima e Amazonas, vivem mais de 27 mil indígenas.

“Estamos enviando informação para dentro das comunidades indígenas, em várias línguas, explicando como é a transmissão e como se prevenir da Covid-19. É importante informar como chega essa doença nas aldeias e isso mostra também a grande responsabilidade da Hutukara na defesa dos direitos dos povos à saúde e informação”, disse o diretor da organização, Dário Kopenawa.

As orientações aos Yanomami e Ye’kwana são para não visitar outras aldeias, não ir à cidade e isolar pessoas que apresentem algum sintoma da Covid-19. “Além da tradução linguística, fizemos uma tradução antropológica, pensando no contexto Yanomami e em discussões com profissionais da saúde, sempre guiados também pelas orientações da OMS [Organização Mundial da Saúde] e do Ministério da Saúde”, ressaltou a pesquisadora associada ao ISA Ana Maria Machado.

As traduções nas línguas indígenas foram feitas por Eudes Koyorino (Yanomam), Anne Ballester (Yanomamɨ), Eliseu Xirixana (Ninam), Matheus Sanöma e Mimica (Sanöma) e Castro Ye’kwana (Ye’kwana).