Cotidiano

Manifestação reúne centenas de pessoas em Pacaraima

O intuito dos manifestantes foi chamar a atenção das autoridades federais sobra situação da cidade, uma das mais afetadas pela crise migratória

Centenas de pessoas realizaram uma manifestação pacífica pelas ruas de Pacaraima, Norte de Roraima, para chamar a atenção das autoridades federais sobre a situação caótica vivenciada pelos moradores, principalmente no que diz respeito ao aumento da criminalidade na fronteira com a Venezuela. Com faixas e cartazes, eles percorreram vários pontos da cidade a pé e em carros, fazendo um buzinaço por segurança.

“A população se sente desassistida. Os policiais que trabalham dentro do município estão sobrecarregados e eles precisam ter mais condições de trabalho. Tem muita viatura ‘no prego’ e o efetivo é insuficiente para atender a quantidade de pessoas que moram aqui com esse aumento absurdo da criminalidade”, destacou um morador que estava na manifestação e pediu para não ser identificado.

“Se não fosse o apoio do Exército e da Força Nacional, eu acredito que a situação estaria bem pior. A PM vem trabalhando incansavelmente, dentro da sua capacidade, para garantir a ordem no município, mas infelizmente a quantidade de pessoas vindas da Venezuela para cá é muito grande. Por isso a atenção maior do Governo Federal é fundamental para essa situação”, pontuou Capitão Maykon, da PM.

Desde 2017, a cidade de Pacaraima tem sido uma das mais afetadas pelo êxodo de Venezuelanos. A logística de apoio ao imigrante no Estado é feita pelo Exército Brasileiro com apoio da Acnur, enquanto a parte de segurança é reforçada pela Força Nacional e pelas polícias civil e militar.

No mês passado, as forças de segurança orientaram os venezuelanos a saírem das ruas à noite para evitar problemas, mas por enquanto a ordem tem trazido poucos resultados segundo os moradores.

“Tanto as polícias militar e Civil, quanto o Exército, não estão conseguindo conter o crescimento da criminalidade em Pacaraima”, completou outro manifestante.

A passeata pelas ruas da cidade foi encerrada no “Marco Zero”, local que define o ponto inicial do território brasileiro e que faz fronteira com a Venezuela. No local os manifestantes cantaram o hino nacional encerrando o protesto.

A moradora Valdenora Maia avaliou a manifestação. “Fizemos uma manifestação pacífica, lutando por direitos constitucionais. Queremos recursos para a Prefeitura do nosso município aumentar as salas de aula, aumentar o efetivo da PM, presença diária do Detran no Centro de Pacaraima com a logística de transporte, profissionais com experiência em espanhol, mudança na lei de migração para deportar “delinquentes” rapidamente, recursos para termos politicas publicas com qualidade para atender todos, independentemente de brasileiros ou venezuelanos, e mais rapidez na interiorização porque Pacaraima não dá conta de comportar tantas pessoas” 

Por conta do ato, a localidade teve um considerável reforço de segurança. Homens do Exército saíram às ruas para orientar os imigrantes sobre a manifestação. A medida foi tomada para evitar possível conflito entre brasileiros e venezuelanos, apesar de não terem ocorrido registros de conflitos. O ato foi acompanhado de perto pela Força Nacional, Polícia Militar (PM) e Polícia Rodoviária Federal (PRF).

No domingo, um dia após os protestos, a cidade de Pacaraima, amanheceu tranquila. 

Parte do comércio decidiu fechar as portas por conta da manifestação

Parte das lojas não abriram as portas em razão da manifestação e com receio de conflitos (Foto: Aldenio Soares)

Em razão da manifestação dos moradores de Pacaraima, parte do comércio local decidiu não abrir as portas no sábado, enquanto ocorriam os protestos. A população cobrou uma maior atenção das autoridades federais em relação à segurança do município, que vem sendo afetada pela crise migratória. 

“Todos os dias o comércio de Pacaraima é alvo da criminalidade. Só este mês, por exemplo, o meu depósito foi furtado duas vezes, mais de R$ 30 a 40 mil de prejuízo. Esse pessoal que fica parado na frente das lojas e ficam vigiando a gente. São eles que precisam sair daqui”, disse um empresário do município.

“Nós não somos contra os venezuelanos, e muitos deles recebem ajuda da população, mas tem muita gente que está aqui só para causar problema. Essas pessoas é que não merecem estar aqui”, completou outro manifestante.No domingo, ocomércio popular do município abriu as portas normalmente e quase nenhuma conturbação foi registrada no período da madrugada.