Cotidiano

Marcha reúne 500 pessoas em alerta para retirada de direitos indígenas

A tradicional marcha ocorre também em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado na mesma data

Aproximadamente 500 indígenas das etnias Macuxi, Wapixana, Sapará, Taurepang, Wai-Wai, Waimiri-Atroari, Yanomami, Ingarikó e Patamona, além de indígenas de outros estados, como o Terena e Guarani Caiuá, do Mato Groso do Sul, se concentraram na Praça do Centro Cívico e de lá saíram em marcha pelas principais ruas de Boa Vista na manhã desta sexta-feira, dia 9, durante a 8ª Marcha dos Povos Indígenas de Roraima.

Eles entoaram cânticos e reivindicaram direitos que, segundo eles, estão sendo retirados da Constituição. A tradicional marcha ocorre também em alusão ao Dia Internacional dos Povos Indígenas, celebrado na mesma data.

O coordenador-geral do movimento indígena e líder Macuxi, Dionito José de Souza, informou que eram esperados aproximadamente dois mil indígenas na marcha desta sexta-feira, mas que o período chuvoso atrapalhou a saída de muitos das comunidades.

“Calculamos em 500 pessoas nesta marcha. Não podemos contar com a maioria que não pode sair de suas comunidades devido à chuva forte. Esperava mais de duas mil pessoas, mas não podemos reclamar, chuva é bom para a agricultura”, disse. Com a maioria dos indígenas pintados e caracterizados, chamavam a atenção das autoridades com cartazes, faixas, discursos e danças tradicionais, como a Parixara, denunciando problemas enfrentados em suas comunidades.

Dionito explicou que a marcha percorreu a sede da Secretaria Estadual de Educação, Ministério Público Federal, Funai (Fundação Nacional do índio), Assembleia Legislativa e Palácio do Governo.

“Em todos eles, com exceção da Assembleia Legislativa, que está de recesso, protocolamos documento de manifesto de cobrança dos nossos direitos, porque estão sendo violados e agredidos em várias situações, quer seja de terras, de saúde e de educação e outros direitos que afetam as nações indígenas”, disse.

O tema da Marcha este ano foi ‘Terra Mãe’, para reforçar a cobrança no que diz respeito à proteção dos povos indígenas. 

“Estamos deixando bem claro que não aceitaremos que os nossos direitos sejam violados. Não somos contra o crescimento econômico do país, mas o Governo [Federal] precisa ouvir os indígenas. Todos os direitos precisam ser respeitados”, afirmou.

Ele lembrou ainda que a marcha também teve o objetivo de chamar a atenção das autoridades públicas sobre os riscos da atuação de garimpeiros. Ele afirmou que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) já sinalizou rever as políticas de imposição desse tipo de atividade no país. 

“Vamos buscar a atenção dos órgãos para que eles se tornem nossos parceiros nessa luta. E o governo tem que respeitar e consultar os povos indígenas, pois não tem nada que fazer desenvolvimento de bolo ou de qualquer jeito, temos que ser consultados, tem que ter acordo. Se não tiver acordo, não tem como atropelar nossos direitos. A identidade dos povos indígenas precisa ser respeitada”, disse. (R.R)

Publicidade