Cotidiano

Mulheres imigrantes expandem produção artesanal com ecobags

Para a fabricação de ecobags e outros produtos, uma das prioridades é adquirir máquinas de costura

Mariela Gutierrez, Maricela Conasta, Moraima Ruiz, Rebeca Laya e Belen Vargas. Se antes, na Venezuela, essas mulheres não tiveram a oportunidade de se conhecer, hoje elas vivem e compartilham o mesmo sonho e endereço.

Há pouco menos de seis meses, desde que chegaram ao Brasil, elas residem no abrigo Jardim Floresta, em Boa Vista. Mas muito além de um mesmo código postal, foi a arte que uniu essas quatro vidas na busca de um recomeço.

A história das Mujeres Empreendedoras começou em novembro de 2018, durante uma oficina de costura realizada no abrigo, mas só ganhou força à cerca de três meses, quando o Conselho Noruego para Refugiados (NRC), parceiro do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur), apostou na ideia.

“Eu não sabia nada sobre tecer. Hoje, graças a Deus e as pessoas que nos apoiaram, produzo bolsas, sapatinhos, tapetes e tiaras”, contou Mariela.

O resultado da experiência foi unânime. A convivência no abrigo era difícil antes da criação do círculo e das produções.

“Éramos distantes uns dos outros. Agora, além do retorno financeiro que ganhamos, percebemos que ele – o círculo – nos ajuda a estabelecer um convívio de comunidade e união. A arte ajuda a expressar sentimentos, emoções e nos ajuda a ser mais sociáveis”, explicou Rebeca.

Os materiais utilizados para a fabricação dos primeiros produtos de lã são provenientes da oficina realizada no abrigo. Agora, elas se preparam para outras fabricações: as ecobags. Com diferentes mensagens de apoio, as ecobags são feitas com o mesmo tecido que antes as abrigava. É que com a troca das barracas utilizadas no abrigo, o grupo decidiu reciclar o tecido para a produção.

“Elas lavam duas, três vezes, deixam de molho, secam e produzem capas para almofadas, sofás e as ecobags”, contou Mayara Bello, oficial de participação comunitária do NRC.

Até o momento, o grupo tem cerca de 20 encomendas em relação às ecobags, mas esse número tende a aumentar. Por isso, as Mujeres Empreendedoras estão aceitando doações e patrocínio, principalmente na aquisição de máquinas de costura.

“Queremos seguir empreendendo e ensinando outras mulheres que estão e ainda vão passar por aqui. O patrocínio é uma garantia de que conseguiremos seguir adiante e até abrir um negócio próprio, como uma cooperativa”, destacou Rebeca.

VENDAS – Todo o domingo, das 17h às 20h, o grupo participa da feirinha do Parque Anauá. Além disso, as vendas são realizadas durante visitas ao abrigo, pelo perfil das Mujeres Empreendedoras na OLX e por meio de encomendas, que podem ser feitas por e-mail ([email protected]).

Os preços dos produtos de lã variam de R$10 a R$50, enquanto as ecobags são vendidas por R$35. Do total das vendas, 70% da arrecadação é dividida entre as mulheres e os outros 30% são destinados ao círculo, para a compra de material e demais necessidades.