Cotidiano

ONG Pirilampos pretende estimular criação de novas instituições

O Instituto Pirilampos iniciou as atividades em 2007, e atualmente é referência no estado

Em Roraima, uma das principais Organizações Não Governamentais (ONG) é o Instituto Pirilampos, que há alguns anos vem ganhando destaque com ações de voluntariado e de apoio a outras ações, em parcerias.

“A gente conseguiu chegar em um patamar que passou por um processo muito rápido, muito bom e por isso, hoje, tentamos estimular outras instituições, porque a gente não quer ser a única ONG do estado, a gente não dá conta” disse o coordenador Márcio Ribeiro.

Conforme Márcio, a vulnerabilidade social do estado é grande e por isso tentam apoiar outras instituições para que elas também se desenvolvam. 

“A gente está com um projeto de circuito entre as ONGs, se conhecer, conhecer todas as instituições, trazer o pessoal para perto, criar um vínculo maior para ter mais força, também em relação ao poder público. E estimular para que se tenha o crescimento do terceiro setor de uma forma homogênea. Às vezes, tem um projeto muito bonito e ele morre, porque a pessoa cansa”, disse Márcio.

O projeto de circuito entre as organizações está sendo planejado para que aconteça de forma organizada e estará aberto para cadastro em um “futuro próximo”, explicou o coordenador do Pirilampos.

A instituição já ajuda outras instituições e organizações, como a AmarDown, em capacitação, treinamento e o uso do Clown (‘palhaço’ em inglês), mas de maneira isolada.

NO ESTADO HÁ 14 ANOS – O Instituto Pirilampos iniciou as atividades em 2007 após uma ação de evangelização de uma igreja em fazer visitas ao Hospital da Criança. Segundo Márcio, era um grupo de jovens que queriam fazer alguma ação social, e escolheram o nome Pirilampos.

No Hospital da Criança, Márcio percebeu que somente 10 crianças estavam participando da brincadeira. Perguntou o porquê e a enfermeira explicou que não podia colocar crianças com doenças diferentes juntas para não piorar a situação delas.

“Então eu falei: ‘porque a gente não faz leito a leito? A gente faz outra dinâmica. Porque não vamos de palhaços?’. Eu tinha assistido ao filme ‘Patch Adams’, de 1998, e eu lembrei da história. Também já tinha me vestido de palhaço uma vez. Falei: ‘porque não?’” contou o atual coordenador da ong.

No filme, atuado por Robin Williams, o personagem era um médico que se vestia de palhaço, visitava um hospital e brincava com as crianças internadas. Nessa intenção de “amor compartilhado” (lema da ONG) o grupo foi crescendo até o reconhecimento atual.

“O palhaço dentro do hospital foi nosso projeto-piloto, hoje já são 14 anos de um projeto muito maior que isso. E a gente hoje trabalha com educação, proteção, pessoas com deficiência e com outras entidades a gente ajuda na parte administrativa”.

O Instituto Pirilampos tem atualmente, segundo Márcio, mais de 10 projetos ativos e outros vários na gaveta. Os mais de 100 voluntários são treinados para desenvolver atividades recreativas e lúdico-pedagócicas em abrigos, hospitais, casa de repouso, comunidades rurais e indígenas utilizando o Clown para interagir com as pessoas.

RECONHECIMENTO UNICEF – A maior parceira do Instituto Pirilampos é com o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) para desenvolver o projeto ‘Amor Compartilhado’ dentro de dez abrigos de refugiados e migrantes venezuelanos da Operação Acolhida. O objetivo era de proporcionar atividades de educação e proteção para cerca de três mil crianças.

“O Unicef foi nosso principal impulsionador. Somos muito gratos por essa parceria e de também honrar o compromisso de fazer o nosso trabalho. Já fomos para o Panamá, representar o Brasil em uma conferência do Unicef com relação a resposta para a migração. Fomos escolhidos entre várias instituições do Brasil para falar do nosso trabalho, que virou modelo”, relatou Márcio.

Entre esse reconhecimento está também as doações da Agência das Nações Unidas para Refugiados (ACNUR) para o desenvolvimento das ações do Pirilampos, como também de apoio às outras organizações. A instituição até recebeu, recentemente, uma doação de máquina a laser para fabricação de objetos em MDF e outros materiais, vindo de Madagascar.

Além do trabalho com refugiados e migrantes, o Pirilampos ajuda na horta orgânica do abrigo masculino, do Centro Socioeducativo (CSE), no projeto Sensibilizarte da Universidade Federal de Roraima (UFRR), entre outros.

NA PANDEMIA – Com a pandemia de coronavírus, as atividades presenciais da instituição também pararam. A primeira e principal ação do Pirilampos, a visita ao hospital estão suspensas, mas a equipe e os voluntários estão pensando na possibilidade de se encontrarem com as crianças por vídeo.

“A pandemia ela veio para mostrar a nossa fragilidade e eu senti muito isso no nosso voluntariado. O voluntariado perdeu muita força, as pessoas começaram a se afastar porque ‘eu não posso fazer nada, a pandemia está forte’ e tudo bem, mas tem muita coisa que a gente faz. E esse projeto que eu quero fazer no hospital, de fazer videoconferência com as crianças, pouquíssima gente quer fazer. Eu tenho 120 voluntariados e não tenho nem cinco nesse momento”, contou o coordenador do Pirilampos.

Segundo Márcio, o problema está na capacitação. A instituição não estava preparada para lidar com o ‘novo normal’ e capacitar os voluntários para continuar a ação de visita por videochamadas. “Nem todos ficam confortáveis com a câmera”, disse. Mas, Márcio pretende seguir com a ideia e pensar nos planos pós-pandemia.