Cotidiano

Obesidade atinge mais de 120 mil pessoas em Roraima

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

O Brasil atingiu a maior prevalência de obesidade em adultos nos últimos 13 anos. Dados da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas, por Inquérito Telefônico (Vigitel), mostram que, entre 2006 e 2018, o percentual de obesidade cresceu 67,8%, passando de 11,8 para 19,8. Na pesquisa, divulgada no ano passado pelo Ministério da Saúde (MS), Roraima registrou um percentual de 20% de prevalência com a doença. 

Aplicando a porcentagem aos cerca de 605 mil habitantes do estado, número registrado em levantamento feito pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) no ano passado, chegamos ao resultado de 120 mil pessoas. Para o endocrinologista, César Penna, a obesidade já é uma epidemia mundial em adultos. Mas o panorama vai mudando. Segundo o médico, crianças acima do peso, principalmente em idade precoce, são cada vez mais diagnosticadas. 

O médico explicou que a obesidade é caracterizada quando o índice de massa corporal (IMC) está maior ou igual a 30, e o sobrepeso está de 25 a 29.9. O IMC, por sua vez, é calculado a partir da divisão do peso pela altura ao quadrado. “Se o resultado for de 18 a 25, o peso está normal. De 25 a 29.9 caracteriza sobrepeso e, a partir de 30, é caracterizada a obesidade”, esclareceu. 

A projeção da Organização Mundial de Saúde (OMS) para 2025 é que cerca de 2,3 bilhões de adultos venham a apresentar sobrepeso, enquanto 700 milhões se tornem obesas. Entre as crianças, esse percentual deve chegar 75 milhões, caso os países não atuem na promoção de políticas públicas de prevenção a obesidade. Em Roraima, a Secretaria de Saúde (Sesau) esclareceu as ações desenvolvidas.

Em nota enviada à Folha, a pasta destacou a atuação da Atenção Básica estadual em relação ao Crescer Saudável, do Programa de Saúde na Escola, que visa combater a obesidade infantil no país, e a Estratégia Amamenta e Alimenta Brasil, iniciativa voltada para os profissionais da atenção primária no que diz respeito à alimentação saudável.

Também foi ressaltada a atuação da Coordenadoria Geral de Atenção Básica (CGAB), que mantém a qualificação dos servidores para melhorar o conhecimento dos profissionais que atuam na atenção básica. Recentemente, uma equipe de nutricionistas chegou a participar de uma ação de capacitação, promovida em parceria com o Hospital do Coração de São Paulo (HCor-SP).

“Também não se pode esquecer as doenças associadas à obesidade, como vários tipos de câncer, diabetes, hipertensão e as doenças cardiovasculares, como infarto e AVC”, relatou Penna. Frente aos riscos, a Sesau informou que a Clínica Médica Especializada Coronel Mota promoveu 1.793 avaliações para a realização de cirurgias bariátricas, sendo 1.038 em 2018 e 755 no ano passado. A unidade também realizou 944 atendimento de Nutrologia, sendo 482 em 2018 e 462 em 2019.

VIGITEL – É uma pesquisa telefônica realizada com maiores de 18 anos, nas 26 capitais e no Distrito Federal, sobre diversos assuntos relacionados à saúde. Os resultados da pesquisa de obesidade foram de um levantamento feito entre fevereiro e dezembro de 2018, com 52.395 pessoas entrevistadas por telefone.

Alimentação saudável previne doenças, diz especialista

A nutricionista Talita Nascimento alertou que a adoção de uma boa alimentação ainda na infância previne doenças na fase adulta (Foto: Divulgação)

Ter uma boa alimentação é sinônimo de vida saudável. Por isso, a nutricionista, Talita Nascimento, destacou a importância de adotar de hábitos alimentares saudáveis para prevenir o surgimento de doenças crônicas e garantir a melhora da qualidade de vida. Por alimentação saudável, se entende uma dieta composta de proteínas, carboidratos, lipídios, fibras, vitaminas e minerais. Para tanto, Talita ressaltou a necessidade de uma dieta variada, que tenha todos os tipos de alimentos, sem abusos e também sem exclusões. A nutricionista esclareceu ainda que é preciso haver a combinação de vários alimentos, uma vez que alguns nutrientes estão mais concentrados em um determinado grupo de alimentos do que em outro. No entanto, é importante lembrar que, ao longo da vida, as necessidades nutricionais se modificam e sofrem alterações, de acordo com a idade, estilo de vida e metabolismo. Na avaliação da profissional, a obesidade costuma atingir, na maioria dos casos vistos, crianças e adolescentes. Frente ao cenário, ela reforçou a importância de incentivar o público infantil a ter, e manter, bons hábitos desde cedo. “Ao longo da gestação, a criança recebe pelo cordão umbilical os nutrientes ingeridos pela mãe e os aromas e sabores dos alimentos já são transmitidos pelo líquido amniótico. Durante o período de aleitamento materno, a transferência de nutrientes e sabores é feita a partir do leite materno e, na infância, por imitação das práticas e escolhas feitas pelos pais. É nesse momento que, se os pais não compartilharem das mesmas refeições, pode ocorrer a rejeição de alguns alimentos. Por isso, é importante que, sempre que possível, a refeição seja feita em família”, explicou. Sobre a pesquisa da Vigitel, Talita informou que conhecer a situação de saúde da população é o primeiro passo para planejar ações e programas que reduzam a ocorrência e a gravidade destas doenças, melhorando, assim, a saúde da população como um todo.