Cotidiano

Objetos cortantes no lixo deixam até 10 coletores feridos por mês

Empresa registra os casos de coletores feridos mensalmente e pede que a população descarte o lixo corretamente

A rotina de um coletor de lixo é intensa e cansativa, principalmente devido a exposição solar no Estado. Muitos quilômetros são percorridos diariamente, recolhendo e jogando o lixo no caminhão. Mas além deste trabalho tão duro, eles também estão expostos ao perigo com objetos cortantes e perfurantes descartados de forma incorreta nos dejetos urbanos. Todo mês, são registrados entre cinco a dez casos de coletores com ferimentos, segundo a Sanepav, empresa que realiza a coleta do lixo e limpeza urbana em Boa Vista.

Seja no inverno ou no verão, os coletores seguem um cronograma rigoroso para atender todos os bairros da capital. Mensalmente, são recolhidas em média quase oito mil toneladas de lixo. No entanto, durante a coleta, eles encontram muitos materiais que não são descartados corretamente.

“Lembro que foi em um sábado de manhã. Nós estávamos correndo, eu meti a mão na sacola branca e havia uma seringa. Furou meu dedo e saiu muito sangue. Eu pediria pra população tomar mais cuidado porque tem muita gente que joga e o certo é colocar na garrafa pet e tampar bem direitinho pra não acontecer isso. Nós somos pais de família e precisamos desse emprego, não queremos ficar doentes”, relata o coletor Jhonata Viana, de 24 anos que foi perfurado há três meses no Jardim Caranã.

Para a segurança dos funcionários, a técnica em segurança do trabalho Bruna Pinheiro, conta que a empresa recomenda que os sacos sejam segurados pelo nó, mas na correria do dia a dia, os coletores acabam pegando o saco pelo meio. “Em dezembro a gente espera que as ocorrências aumentem por conta das festas natalinas. Tem muito vidro, garrafa e espetos neste período. Todos que fazem comemorações vão descartar esses objetos no lixo de qualquer forma”, disse.

Fora da temporada de fim de ano, a incidência destes ferimentos ocorre principalmente as segundas e terças-feiras por causa do fim de semana, segundo Bruna.

Ainda conforme a técnica de segurança do trabalho, a seringa é o objeto perfurocortante campeão em acidentes, seguido pelo vidro e espetos de churrasco.

O bairro onde ocorre a maioria dos ferimentos é no Cidade Satélite, na zona Oeste. Lá, segundo ela, se tornou o “terror” dos coletores que passaram a tomar cuidado redobrado na localidade. 

Para descartar vidros e espetinhos de churrasco, Bruna recomenda colocá-los dentro de uma garrafa pet ou em caixa de papelão. Já para as seringas, ela explica que o correto é leva-las a qualquer unidade de saúde para o descarte correto. 

Na última quinta-feira, dia 5, um funcionário se feriu com seringa durante a coleta noturna. Silvio Bionte, um dos gerentes da empresa, ressalta a importância da colaboração dos moradores. “O coletor se fere e a gente não sabe que tipo de coisa é. Nós vamos até a casa e nunca foram os moradores, sempre dizem que alguém deixou ali. Isso é ruim porque atrasa o serviço, uma pessoa fica doente e o problema acaba estourando na própria população. Isso é como se fosse um crime. É um problema que não acontece só em Roraima, é no Brasil todo. Falta consciência e é fatal, colocou, vai machucar”, afirmou. 

Publicidade