Cotidiano

Operação Acolhida tem custo de quase R$500 mil por dia

Estratégia demanda um investimento mensal de R$14 milhões, mas, atualmente, tem R$ 7 milhões disponíveis

A estratégia do Exército para condução da crise migratória no Brasil, a Operação Acolhida, tem um custo aproximado de R$ 14 milhões por mês, o que equivale a quase R$500 mil por dia. Durante entrevista ao programa Agenda da Semana, na Rádio Folha FM 100.3, o coordenador, general Antônio Barros, pontuou que a operação dispõe, no momento, de R$ 7 milhões para fazer os empenhos para manter a logística. 

No mês de abril, em entrevista coletiva, ele já havia informado que o recurso disponível em caixa seria possível para manter as ações até o primeiro semestre deste ano. Ele pontuou que nesta semana haverá uma reunião ministerial para discutir a liberação de recursos para a operação. 

General Barros informou que a solicitação foi por um orçamento de R$ 150 milhões; foram atendidos R$ 90 milhões. No ano passado, este montante ultrapassou os R$ 280 milhões. “Este recurso não é só para manter abrigos”, reforçou. O investimento inclui, por exemplo, o processo de interiorização, cuja logística envolve Pacaraima, Boa Vista e Manaus, no Amazonas.

Assista a entrevista na íntegra: 

Benefícios

Além da questão humanitária, o coordenador reforçou que este recurso gera benefícios para a economia local.

“Mais de R$ 20 mil por dia são só com refeições na Operação Acolhida. Estes insumos movimentam a economia local. De onde sai o material para construção dos abrigos? É tudo matéria prima local”, destacou. 

Entrada clandestina

Apesar da flexibilização que permite o ingresso de imigrantes venezuelanos em vulnerabilidade, a maioria ainda entra no país pelas rotas clandestinas, conhecidas como “trouxas”, segundo o general. A informação repassada por quem entra no país é que autoridades venezuelanas estariam cobrando propina para deixar as pessoas passarem pela fronteira oficial. 

Por isso, a Operação reforçou a sua atuação na faixa de fronteira. De acordo com o comandante, a interiorização será intensificada. O envio de imigrantes venezuelanos para outros estados passou de 1.200 pessoas por mês para 2.500 em mais de 700 municípios do Brasil, a maioria nas regiões Sul e Sudeste. Mais de 54 mil pessoas foram tiradas de Roraima desde o início da interiorização.

Outros dois abrigos estão em construção, sendo um indígena e outro não indígena. A operação tem mudado estratégias para tentar acolher o grande número de pessoas entrando pelas fronteiras, o que inclui medidas simples como a substituição de camas por beliches.

Mas entre os gargalos está a necessidade de providenciar a documentação destas pessoas e promover a vacinação prevista no Programa Nacional de Imunizações. Por dia são aplicadas cerca de 300 vacinas diversas, e somente depois de 15 dias estas pessoas estão aptas a se vacinarem contra a covid-19, de acordo com os grupos determinados pelo Ministério da Saúde. Esse processo acaba gerando filas de pessoas para entrarem nos abrigos.

Mudança no comando


General Sérgio Schwingel será o novo coordenador da Operação Acolhida em Roraima. (Foto:Divulgação/Exército)

A Operação Acolhida terá um novo comandante a partir de setembro. O general Antonio Manoel de Barros, que vai para a reserva, passará o bastão para o general Sérgio Schwingel, segundo Subchefe do Estado-Maior do Exército.

Esta será a segunda troca no comando da operação. Seu primeiro coordenador foi o General Eduardo Pazuello – que ganhou notoriedade nacional por depois ter se tornado ministro da saúde. No início de 2020, a operação foi assumida pelo general Barros, que deve ficar até dia 31 de agosto. 

Saiba mais: 

https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Interior/Operacao-Acolhida-nega-restricao-de-entrada-de-migrantes-na-fronteira/77814

https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Interior/Pelo-menos-2-mil-pessoas-aguardam-para-entrar-em-abrigo/77908

https://folhabv.com.br/noticia/CIDADES/Capital/Roraima-tera-15a-abrigo-ainda-neste-semestre/77874