Cotidiano

PF prende integrantes do crime organizado em Roraima

Foram feitas prisões dentro dos presídios e de um venezuelano que integrava a facção

A Polícia Federal cumpriu 32 mandados de prisão preventiva e 25 de busca e apreensão, em Roraima, nos municípios de Boa Vista, Mucajaí, Caracaraí e Rorainópolis, durante a Operação Hipaspistas, deflagrada às 6h dessa quarta-feira (10). A ação também aconteceu nas cidades de Santos, em São Paulo, Londrina e Ponta Grossa, no Paraná. A finalidade era desarticular a formação de novas lideranças do crime organizado, e foram aprendidas armas de fogo e valores em dinheiro. Os presos irão responder criminalmente pelos delitos praticados, sendo alguns encaminhados para a Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) e outras passarão por audiência de custódia. 

A Polícia Federal, que teve o apoio do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), Divisão de Inteligência e Captura (Dicap) da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) e do Ministério Público de Roraima (MPRR), informou ainda que a Operação Hipaspistas é uma sequência direta dos trabalhos desenvolvidos no âmbito da operação Érebo, deflagrada em novembro de 2018, quando foram cumpridos 45 mandados de prisão preventiva contra integrantes de uma organização criminosa. A investigação apontou que os criminosos se articulavam para reestruturar o grupo, inclusive realizando indicações de novos líderes, com o fim de possibilitar maior efetividade na prática de crimes.

HIPASPISTAS – O nome da operação remete às unidades de elite do exército macedônico que foram decisivas na batalha de Gaugamela (331 a.c.). Mesmo em desvantagem numérica de 5/1 a favor do exército de Dario III, as forças do imperador Alexandre derrotaram o exército opositor centrando sua estratégia na liderança persa.

Polícia Federal afirma que faz monitoramento do crime organizado

“Nosso objetivo é não deixar essas lideranças do crime organizado se consolidarem”, disseram os delegados da PF (Foto: Diane Sampaio / Folha BV)

Em entrevista para a Folha na tarde desta quarta-feira (10), os delegados federais responsáveis pela operação contra o crime organizado fizeram uma avaliação do trabalho.

“Nosso objetivo é não deixar essas lideranças se consolidarem. É um trabalho continuo, não termina aqui e tem o envolvimento de outros órgãos de segurança pública, que também estão combatendo esse tipo de crime, que são delitos praticados por membros de uma facção”, comentou o delegado regional de Combate ao Crime Organizado (DRCOR), Victor Negraes. Ele disse que entre as 35 prisões preventivas, apenas uma envolveu um venezuelano entre os presos na Operação.

O chefe da Delegacia de Repressão a Crimes Contra o Patrimônio e ao Tráfico de Armas, Pedro Roncisvalle, explicou que a intervenção federal no sistema prisional do estado teve um impacto imediato nas ruas. “A partir da intervenção foram nomeados novos líderes nas ruas, que começaram a atuar e articular atividades da facção aqui em Roraima. Mas, desde a intervenção, as lideranças estão incomunicáveis e não podem se articular com os faccionados de fora da prisão. O único que ainda comandava o crime, após a intervenção, foi preso na operação no Paraná. Ele exercia esse comando a partir dos presídios e, de fato, aqui em Roraima, esse link com as ruas foi cortado”, afirmou.

O delegado informou que apesar do trabalho contínuo, as facções conseguem substituir os presos com o recrutamento de novos membros nas ruas. “Apesar de ter havido essa substituição formal, na prática essa troca não é de imediato, pois todos os líderes que estão presos são antigos, consolidados, e detinham grande poder sobre os faccionados. Com a nomeação desses novos líderes muda um pouco o panorama, pois até se consolidarem e a exercerem o comando leva um tempo, tem todo um processo. São muitos faccionados no Estado, mas por isso focamos nas lideranças”, esclareceu Roncisvalle.

Ele enfatizou que no contexto de facção houve uma redução em alguns delitos, mas o panorama continua relativamente relacionado aos tipos de crime como tráfico de drogas, principal renda da facção; crimes patrimoniais; homicídios. “Muitos delitos envolveram armas de fogo, crimes violentos no geral. Mas o mais importante é que teve uma redução no poder da facção de se articular, de arregimentar novos integrantes. Talvez seja até mais importante do que a diminuição de delitos, pois houve uma desarticulação”, comentou.

O delegado Roncisvalle disse ainda que desde a operação passada, em novembro de 2018, quando a Polícia Federal identificou e mapeou a estrutura organizacional criminosa em Roraima, que vem sendo feito monitoramento. “E será contínuo e permanente, pois é um dos requisitos para que de fato possamos combater essa facção e o crime organizado no Estado”, ressaltou.