Cotidiano

Pais de crianças autistas fazem nova manifestação; Unimed não se posiciona

Na ocasião, um grupo de pais e crianças se instalaram na recepção da Unimed 

A recepção da Unimed Fama viveu uma manhã atípica nesta segunda-feira, 11. Os pais de crianças com Transtorno do Espectro do Autismo – TEA e/ou Síndrome de Down – T21 se reuniram no local, em uma manifestação pacífica para cobrar o retorno dos atendimentos de terapias dos filhos.

Mais de 50 pessoas, entre pais, amigos e apoiadores estavam em frente ao prédio, mas alguns pais decidiram entrar na recepção e levaram os filhos. Algumas crianças sentadas no chão, outras correndo, muitos gritos e balbucios. O cenário visto era comum para quem já vive a realidade dentro de casa, mas uma das funcionárias da Unimed Fama reclamou que a situação atrapalhava o dia a dia de trabalho e o atendimento da empresa.

Pamela Morais, mãe de autista, respondeu que as crianças estavam estáveis nesta manhã. “Caso estivessem em crise, estariam se batendo, batendo a cabeça contra a parede e até as cadeiras (da recepção) não estariam no lugar essa hora. As crises podem acontecer mais facilmente se as terapias não retornarem logo”, explicou.

Os pais alegaram que estavam aguardando um responsável pela Unimed Fama para uma conversa. Foi quando chegaram duas outras funcionárias, uma advogada e outra que faz parte do setor administrativo, que não se identificaram. Elas ouviram o apelo dos pais, mas uma respondeu “Eu não tenho o que dizer a vocês, há processos que não posso me manifestar. Enviei um pedido de resposta para a diretoria (em Manaus) e estou aguardando”.


Grupo de pais reunidos na recepção da Unimed Fama (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Os pais rebateram e afirmaram que há um médico que faz parte da diretoria e que mora em Boa Vista e que mesmo assim ninguém tem uma resposta para os pais. A funcionária respondeu, “Se ele mora aqui ou não, não posso bater na casa dele, sou funcionária e devo me direcionar a ele pelos meios legais, o que já fiz”, disse.

CUSTO DAS TERAPIAS

Cleiton Ferreira e a esposa Ana Paula Ribeiro, pais de Carlos Henrique, de 7 anos de idade, fizeram questão de participar da reunião. O pai é microempreendedor e a mãe fica em casa para cuidar do filho, que precisa de atenção redobrada. “Para arcarmos com todas as despesas das terapias gastaríamos em torno de R$15 mil, por mês, o que é inviável pra minha família”, analisou Cleiton.


Cleiton Ferreira, pai de Carlos Henrique (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

Entre atendimentos de fonoaudiologia, terapia ocupacional, acompanhante escolar, psicopedagogia e fisioterapia, de segunda a terça, Carlos Henrique ficava em atendimento das 14h às 18h30, e de quarta a sexta, das 15h às 18h30. O pai conta que as terapias eram a rotina do filho e sem os atendimentos, a criança sente falta e fica agitada.

A reportagem já havia entrado em contato com a empresa na última semana, a qual não respondeu. Durante a manifestação também pedimos um posicionamento das funcionárias que conversavam com os pais e já pedimos novamente retorno da assessoria, mas até o momento não obtivemos resposta.