Cotidiano

Pais relembram os desafios para criarem os filhos sozinhos

Neste domingo, 8, será comemorado o Dia dos Pais no Brasil

Para algumas famílias, o Dia dos Pais, que será comemorado no dia 8, é a data para celebrar a figura paterna e presenteá-la. Entretanto, também pode ser um momento de reflexão para pais que, por diversos motivos, tiveram que assumir total responsabilidade e cuidarem sozinhos dos filhos, assumindo o papel de “pãe”, ou seja, pai e mãe.

Expedito Timbó, de 61 anos, sempre foi apegado aos dois filhos, um casal de 17 e 19 anos,  mas, quando ainda eram crianças, se separou da esposa e ficou responsável pela guarda deles. Apesar das dificuldades que enfrentou no início, garantiu que foi a melhor coisa que lhe aconteceu.

“Cuidar de duas crianças sem a presença da mãe foi bem desafiador, mas meus filhos são tudo pra mim. Não seria ninguém sem eles! Fiz tudo que pude e tenho orgulho de ver que eles se tornaram pessoas maravilhosas”, destacou.

A filha mais velha do Expedito, Ellen Timbó, deu mais detalhes sobre a relação com o pai. A estudante presenciou a separação dos pais quando tinha 12 anos, porém, por serem mais próximos, ela e o irmão escolheram ficar com o progenitor.

“A lembrança mais clara que tenho da minha infância é de quando meu pai estava fazendo trança no meu cabelo antes de a gente sair, porque ele sabia que eu não gostava de andar com ele solto e decidiu aprender a fazer penteado para me deixar feliz”, relembrou emocionada.

No entanto, a jovem deixa claro que nunca foi uma situação fácil. Segundo ela, as dificuldades iam desde como resolver problemas “femininos”, como a primeira menstruação, a situações mais sérias. 

“Tenho certeza que meu pai exerceu também o papel de mãe perfeitamente. Quando eu estava passando por vários conflitos internos, ele sempre esteve aqui me apoiando e se esforçando para me ajudar”, afirmou.

LUTO E PATERNIDADE

Apesar de ter sido por uma razão diferente, José Henrique Peixoto, de 43 anos, também teve que aprender a ser um pai solteiro, já que perdeu a esposa há quase 10 anos, em razão de complicações após sofrer um AVC (Acidente Vascular Cerebral). 

“Quando fiquei viúvo, minha filha tinha apenas oito anos. Então, além de ter que enfrentar o luto, também tive que ser forte para cuidar dela. Lembro que sentia muito medo de não ser um bom pai, não conseguir dar o que ela precisava, de falhar”, disse.
O contador lembrou de uma situação vivada por ele e pela filha, quando a escola dela havia organizado um evento em celebração ao Dia das Mães e pediu a participação das progenitoras das crianças.

“Teve um dia em que a minha filha chegou da escola e me disse que teria um evento para o Dia das Mães. Os alunos teriam que fazer uma lembrancinha e dar para elas na festinha. Ela disse que não queria ir porque não tinha a mãe. Porém, eu pedi para ela fazer o presente e iria receber na escola junto com ela. Eu era o único pai lá”, relembrou.

Ele ainda enfatizou que também contou com muito apoio de familiares, que sempre o ajudavam quando era preciso. “Ter ajuda nesses momentos e entender que você não está sozinho é essencial. Alguns anos depois, me casei novamente e a minha esposa assumiu  um papel de madrasta e amiga da minha filha”.