Cotidiano

Polícia Federal deporta 159 venezuelanos durante a pandemia

De acordo com os dados da PF, as duas cidades onde mais ocorreram deportações foram Corumbá (MS), e Pacaraima (RR)

As deportações feitas pela Polícia Federal entre abril e julho deste ano cresceram 9.200% em relação ao mesmo período de 2019. Os números mostram que 159 venezuelanos foram expulsos do Brasil. Na principal porta de entrada desses estrangeiros no país, Pacaraima, os imigrantes não podem entrar por terra.

Segundo os dados obtidos por meio da Lei de Acesso à Informação (LAI) e atualizados pela PF, entre abril e julho de 2019, a PF deportou oito pessoas. No mesmo período deste ano, foram 744. Desse total, 522 foram bolivianos, seguidos de venezuelanos (159) e paraguaios (44). O restante é composto por colombianos, uruguaios, peruanos, argentinos, um espanhol e um inglês.

O crescimento no número de deportações acontece depois de o governo federal ter fechado as fronteiras terrestres e aquaviárias do país em resposta ao avanço da pandemia do novo coronavírus.

Ainda de acordo com os dados, as duas cidades onde mais ocorreram deportações foram Corumbá, em Mato Grosso do Sul, localizada na fronteira com a Bolívia, e Pacaraima, na fronteira com a Venezuela.

Nos últimos anos, Pacaraima se tornou uma das principais portas de entrada de venezuelanos em busca de refúgio no Brasil. Desde março, porém, eles não podem entrar legalmente por terra no país.

Na avaliação do coordenador da Pastoral do Migrante em Pacaraima, padre Jesus Bobadilla, o aumento no número de deportações tem relação direta com a vigência das portarias do governo federal.

“Cresceram (as deportações) porque o governo criou essas deportações. A Polícia Federal está fazendo o que o governo mandou”, afirmou Bobadilla.

Procurado, o Ministério da Justiça disse que as questões deveriam ser respondidas pela Polícia Federal. Ao ser questionado sobre os motivos que levaram ao aumento no número de deportações entre 2019 e 2020, por sua vez, o órgão disse que não seria possível responder a essa pergunta. “Ressaltamos que, para a obtenção dos motivos de cada deportação, seria necessário a análise individualizada de cada auto, o que inviabiliza resposta por esta Divisão”, disse a PF em nota.

Com informações do Jornal O Globo