Cotidiano

Produção de soja pode chegar a 192 mil toneladas 

Com projeção de área de 55 mil hectares, colheita de 2020 pode ajudar o Brasil a ultrapassar os EUA na exportação do produto

Por AYAN ARIEL

Editoria de Cidades

Segundo primeiro levantamento oficial para a próxima temporada da colheita da soja, divulgado pelo Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), o Brasil possui grandes possibilidades de marcar o novo recorde de 120 milhões de toneladas e ultrapassar a produção feita pelos Estados Unidos. E Roraima pode ter papel importante nessa história.

Isso porque o mesmo estudo do Conab prevê que haja uma ampliação de 5% na região Norte, na produção de grãos, impulsionada pelo aumento previsto de 12% na produção de grãos no Estado.

Para a temporada 2020, foi projetado que a área para se plantar a produção fique entre 50 e 55 mil hectares, cenário esse que estima uma colheita de 175 a 192 mil toneladas de grãos de soja a ser distribuída no mercado. A marca é superior aos 40 mil hectares de terra e as 120 mil toneladas colhidas em setembro, número que já foi superior em 20% ao de 2018.

“Isso é bastante positivo, pois consequentemente haverá a geração de R$ 180 milhões em renda bruta e podemos prever que haverá a criação de quatro mil empregos, tanto nas áreas de lavoura quanto na produção e venda”, explica o produtor rural Ermilo Paludo.

A colheita da soja está prevista para ocorrer em setembro de 2020, mas o preparo do solo já foi iniciado e o término desse ciclo ocorrerá em maio. Após isso, o próximo passo será o plantio da soja. Esse processo ocorrerá até o início da colheita.

“Nós (produtores) estamos investindo em tecnologia e variedades, para que haja uma maior capacidade de produção em Roraima”, complementa o produtor.

Cerca de 95% da área plantada de soja é da variedade BRS Tracajá, um tipo convencional com alto potencial de rendimento e com ampla adaptação e estabilidade de produção. Os outros 5% pertencem às variedades BRS 8381 e 7980, que aos poucos vêm ganhando espaço entre os produtores após estudos da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), que mostraram a precocidade da produção e a possibilidade da implementação de novas culturas depois da colheita.

Do total que será colhido em 2020, 90% será exportado do Estado, o que corresponde a até 172,8 milhões de grãos, e os outros 10% será levado ao mercado local.

Para que isso seja possível, deve haver o investimento maciço em tecnologia e infraestrutura, como acredita Paludo. “Se nós acreditamos que a saída do Estado é a produção de alimentos, é preciso que isso seja contemplado pelas autoridades, como, por exemplo, no orçamento do Estado”.

CLIMA FAVORÁVEL – Para os produtores, o favorecimento do clima na região, com a predominância de tempo ensolarado e pancadas de chuva que caíram no momento certo, foi um dos principais fatores para a qualidade do plantio. Toda a produção deverá ser exportada para o mercado europeu. Países como Holanda e Rússia estão entre os principais compradores.

Construção de rodovia é estratégica para exportação

Entre os entraves que o estado ainda apresenta para desenvolver o potencial agrícola, os produtores destacaram a construção da rodovia que liga Lethen a Linden, na Guiana, a flutuação do preço da soja no mercado internacional e a insegurança jurídica da terra. 

Com a estrada, eles acreditam que vão ter uma grande opção de importar insumos, como calcário e outros, bem mais baratos, além de ficarem mais competitivos no mercado. 

Sobre a insegurança jurídica da terra, Paludo citou que o governo do Estado deve acelerar e resolver a documentação territorial. 

“É como o governo está fazendo agora, acelerando para resolver em definitivo essa questão jurídica da terra e o licenciamento ambiental com a aprovação do zoneamento ecológico econômico do estado”, disse.