Cotidiano

Professor acusa empresa de dar golpe do empréstimo em Boa Vista

Jonathas Madureira disse ter feito empréstimo para pagar em oito anos, o qual seria assumido pela Lotus Business BV em troca de rentabilidade inicial de 1% ao mês em cima do valor de cada mensalidade

O professor Jonathas Madureira Silva de Deus, de 41 anos, disse nesta terça-feira (4) ter sido vítima de um golpe da Lotus Business BV, após a empresa de investimentos não pagar parcelas de um empréstimo feito em um banco e o rendimento de 1% em cima do valor de cada mensalidade.

Para procurar um posicionamento, a Folha tentou, sem sucesso, contato com a empresa por telefone – um número com DDD de Manaus cai na secretária eletrônica e outro 0800 não completa a ligação. O site oficial do grupo a qual a Lotus faz parte está fora do ar e a reportagem foi à sede do empreendimento em Boa Vista, mas uma testemunha informou que o local está fechado há dois dias.

É a mesma queixa do docente, que revelou ter feito, em maio, um empréstimo de R$ 66 mil no Banco do Brasil, a ser pago em 96 parcelas de R$ 1.420. Segundo o contrato, o qual a Folha teve acesso, a empresa de investimentos se responsabiliza pelo pagamento de 12 mensalidades e que se for de interesse das partes, o vínculo poderia ser prorrogado até o fim do pagamento da dívida. O vínculo obrigava o docente a transferir R$ 59.400 para a conta da Lotus, que por sua vez, pagou a ele R$ 6.600 por ter feito o empréstimo.


Professor admitiu vergonha e abalo psicológico pela situação (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

O professor relata que apenas três parcelas foram pagas pela empresa até agora e que, daqui para frente, se não conseguir rescindir o contrato e a devolução do valor pela quebra contratual, irá arcar sozinho com o prejuízo de R$ 132.060,93, valor correspondente às 93 mensalidades que falta pagar. “Se ela não devolver, que sirva pra que eu alerte as pessoas que caíram no mesmo golpe”, declarou.

Segundo ele, a Lotus prometeu depositar, em sua conta, rendimento de 1% ao mês sobre o valor da parcela do empréstimo. “Esse 1% ia pra 1,8%, depois pra 2,8%, e depois pra 3,5% e depois 4% ao mês. Por isso que fiquei pensando: quem não quer ganhar 4% ao mês de rentabilidade? Só que a empresa falou que trabalhava de forma legal, apresentava foto de certificado de segurança e eu acreditei, porque também usou imagem de pessoas famosas. Aí a gente acaba se iludindo. E agora a empresa não atende”, reclamou ele, admitindo vergonha e abalo psicológico pela situação.

“Vou fazer 42 anos agora dia 9. Tou sem dinheiro pra comemorar. Já cancelei até o churrasco que ia fazer com a minha família, porque eu paguei R$ 1.420 e com 400 reais que ia fazer o churrasco com minha família, cancelei porque não recebi”, lamentou. “Falei que queria quebrar o contrato, mesmo perdendo qualquer percentual, porque minha mãe tá correndo risco de vida, ela tá com câncer e precisa fazer cirurgia. O SUS atende, mas demora muito”, completou.

Jonathas também revelou ter rejeitado proposta da Lotus para adquirir um outro empréstimo e disse conhecer ao menos dez pessoas que passam por situação semelhante, mas temem denunciar por vergonha.

Duas pessoas, de forma anônima, confirmaram à Folha passar pelo mesmo problema. “Normalmente me pagavam até o dia 1º, mas nesse mês, até o momento, não repassaram o valor combinado”, disse um homem.

Uma professora revelou à Folha que uma funcionária da empresa lhe ofereceu uma proposta de rentabilidade. Ela acabou contraindo um empréstimo de R$ 150 mil no Banco do Brasil, a ser pago em 96 parcelas, com a promessa de que a Lotus assumiria o contrato e lhe daria 1% de rendimento ao mês por mensalidade.

A reportagem também tentou contato com uma mulher apontada como recrutadora de investidores para a empresa. Embora tenha dito por telefone e mensagens que comentaria o assunto só na próxima sexta-feira (7), ela confirmou que não trabalha mais na Lotus.

Em Manaus

Uma outra empresa do mesmo grupo da Lotus também foi alvo de denúncias em Manaus nessa segunda-feira (3). Segundo o site D24am, vários servidores públicos e aposentados foram ao 1º Distrito Integrado de Polícia (DIP) acusar a Lotus Corporate de estelionato.

A Polícia Militar do Amazonas informou que o dinheiro que era descontado, todos os meses, das contas das vítimas, deixou de ser repassado para saldar a conta que eles deviam. O caso é investigado pela Polícia Civil do Estado.

Após a denúncia, o Grupo Lótus Corporate divulgou nota no Instagram em que diz trabalhar para honrar seus compromissos, “inclusive já buscando alternativas e quaisquer que sejam para que nenhum parceiro seja penalizado”.

“É uma conduta que sempre foi inerente à empresa e que continuará a ser. Apenas para efeitos de esclarecimentos, até mesmo a aquisição por parte de outro grupo igualmente renomado na cidade de Manaus estão em tratativas, já tendo recebido propostas inclusive para a migração dos contratos de seus parceiros com a consequente quitação”, diz a nota, que pode ser lida na íntegra abaixo.


Nota completa da Lotus (Foto: Reprodução)