Cotidiano

Professores estão sofrendo assédio em sala de aula

O programa Agenda da Seman que foi apresentado pela comunicadora Cida Lacerda, recebeu como entrevistada a representante da Comissão de professores do Município de Boa Vista, Sirdenys Santana, para falar sobre o assédio moral que os servidores da educação vêm sofrendo por parte de gestores nas escolas municipais e de como a falta de liberdade para diálogo afeta a saúde física e psicológica de quem trabalha com o ensino na capital.

De acordo com Sirdenys, não existe levantamento ou controle que aponte dados formais sobre os casos em que se ocorreram o assédio, mas após constantes relatos de servidores, foi montado a comissão com cerca de 10 pessoas para expor a situação na imprensa e chamar atenção dos órgãos competentes sobre necessidade de apresentar propostas que beneficiem trabalhadores da educação. “Professores, cuidadores, merendeiras, porteiros e tantos outros trabalhadores da educação estão adoecendo devido à pressão dos gestores. São colegas de profissão que tomam tarja preta após passar por situação de estresse ao defender sua dignidade, porque não existe diálogo com a diretoria, por exemplo”, disse a professora representante.

Conforme informações de Sirdenys Santana, não existem medidas que assistam às reais necessidades dos educadores e que, embora o sistema educacional cobre excelência profissional, não há propostas que amparem servidores que precisam de afastamento da função.

 “Quem trata e quem cuida do professor? Se precisarmos de um médico teremos que pagar do próprio bolso e perdemos gratificação, mesmo que seja em casos que envolvam saúde. É um dinheiro que faz muita falta no final do mês”, desabafou.

A professora Regiane Carvalho, comentou a fala do Deputado Estadual Evangelista Siqueira, sobre a cobrança de medidas que amparem servidores da educação que precisam de tratamento devido ao desgaste da saúde durante atuação profissional e ao fato de que o processo de ensino e aprendizagem se torna impossível quando o professor tem sua dignidade afetada ao buscar direitos. 

“O Vereador Linoberg também havia apresentado o projeto de lei 031/17 que infelizmente foi barrado e que preconizada prioridade de atendimento detalhado ao professor, principalmente em casos de licença médica. Estivemos em contato com outros vereadores e estamos elaborando e protocolando documento para levar ao consentimento da Secretaria de Educação porque o assunto é muito sério”, disse a professora.

Regiane Carvalho explicou que os servidores cobram proposta criteriosa quanto à escolha dos gestores que atuarão nas escolas e liberdade para relatar condições de trabalho e cobranças de melhoria na estrutura. 

“Chega de cargo por apadrinhamento. A Educação precisa de gestores competentes e qualificados. Queremos que ocorra um levantamento dos índices reais dos profissionais e que na hora que seja elaborado relatório sobre o trabalho do professor, não ocorra banalização, pois quando nos posicionamos acabamos sendo prejudicados ao ponto de ser aberta sindicância por gerar antipatia com o gestor devido a uma reclamação”

O cuidador Ranieri Oliveira foi recentemente diagnosticado com depressão por conta do trabalho excessivo na rede municipal de ensino. De acordo com ele, os cuidadores são os únicos servidores que trabalham 40 horas e, por se tratar de um trabalho que requer sensibilidade, resulta em situações de estresse.

“Todo mundo se sensibiliza com as crianças que precisam de cuidados especiais, mas poucos querem de fato atuar. Temos uma função muito importante e sem valor para a sociedade e acabamos por nos envolver emocionalmente com cada criança. Os cuidadores estão doentes. Passamos dois horários prestando atendimento, às vezes até para quatro crianças ao mesmo tempo, e sem nenhum preparo emocional”

De acordo com Oliveira os cuidadores prestam concurso para ter garantia de renda, mas não recebem suporte psicológico para lidar com as situações cotidianas. 

“Recebemos qualificação de apenas uma semana para lidar com o dia a dia da profissão e as instruções são rasas diante dos reais problemas enfrentados. Precisamos de educação emocional para estarmos motivados”, concluiu.