Cotidiano

Projetos para ressocializar detentas finalistas em premiação do STF

Unidade de segurança concorre com dois projetos na categoria ‘Justiça e Cidadania’

Fazer parte de algum projeto para ter a pena reduzida é motivo de alegria, e sendo finalista de um prêmio nacional essa alegria se multiplica. Assim estão as quase 200 detentas da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, que fazem parte de dois projetos classificados para a etapa final do Prêmio Innovare 2019, na categoria ‘Justiça e Cidadania’. O resultado será divulgado em dezembro deste ano. 

Os dois projetos são ‘Atividade física como instrumento de inclusão das detentas da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista’, que vem sendo colocada em prática desde abril de 2016, com atividades toda sexta-feira  e ‘O trabalho como instrumento de ressocialização na Cadeia Pública Feminina de Boa Vista – Oficina de Corte e Costura’, executado desde março de ano passado, que acontece três vezes por semana. Ambos idealizados pelo agente penitenciário João Paulo Silva Dantas.

Ele explicou que os projetos foram pensados para minimizar as dificuldades que existiam dentro da cadeia pública feminina. “A oficina de corte e costura foi idealizada para que elas confeccionassem os uniformes para serem fornecidos a todas elas e, ao mesmo tempo, proporcionar uma atividade laborativa para a remissão da pena”, contou agente Dantas, comentando que apenas cinco fazem a atividade, porque já tinham experiência por terem participado de cursos de capacitação. 

“Também só temos duas máquinas, mas pretendemos ampliar a execução do projeto não só para confecção de uniformes, mas também para a costura criativa que dê mais autonomia para a exploração da criatividade delas”, ressaltou o agente penitenciário, destacando que o projeto foi selecionado e agraciado com recursos no valor de R$ 10 mil, da Vara de Execução de Penas e Medidas Alternativas (Vepema), que também contemplou o projeto de atividade física com R$ 8 mil. 

O projeto que contempla a prática de atividade física tem a participação de 20 a 30 presas por turma. Foi o primeiro a ser inserido dentro da unidade e, segundo a diretora da Cadeia Pública Feminina de Boa Vista, Fabiany Leandro Silva Sayd, surgiu de uma necessidade de disciplina.

“Por meio das atividades se percebe mudanças significativas na relação interpessoal e também melhoria na disciplina e comportamento delas. A partir do momento em que esse projeto foi implantado não tivemos mais ocorrências, como ocorriam no passado”, disse.

Detentas dizem que indicação a prêmio as “encheu de orgulho”

“Projeto tem contribuído com vários fatores positivos dentro do sistema prisional”, disse uma das presas (Foto: Nilzete Franco / Folha BV)

A Cadeia Pública Feminina de Boa Vista tem 207 detentas recolhidas, em diferentes regimes. Entre as quase 200 que participam dos projetos está Nina Moreira de Souza, 43 anos, mãe de seis filhos que vivem com sua irmã. Ela está presa desde o dia 27 de maio de 2015, por tráfico de drogas, e cumpre pena de 15 anos de reclusão.

Nina faz parte do projeto Oficina de Corte e Costura. Ela disse que o projeto tem contribuído com vários fatores dentro do sistema prisional, não só para ela, mas para todas as que estão ali. “Um dos fatores é que ajuda na remissão da pena, nos tira da ociosidade, contribui para nossa dignidade e ressocialização. O mais importante é que nos dá uma nova direção lá fora, com relação à inserção no mercado de trabalho”.

Nina afirmou que não tinha ideia da proporção que o projeto teria. “Estamos concorrendo a um prêmio nacional. Isso nos enche de orgulho e somos muito gratas a todos que realizam esse projeto, pois são pessoas excelentes que têm ajudado para a nossa ressocialização. Hoje em dia tenho outra visão, porque será uma forma de eu ganhar um dinheiro e ajudar financeiramente a minha família. Isso me deixa muito feliz. Muito gratificante”, comentou. (E.R.)

PRÊMIO – O Prêmio Innovare, organizado pelo Superior Tribunal Federal (STF), tem como objetivo identificar, divulgar e difundir práticas que contribuam para o aprimoramento da Justiça no Brasil. Este ano concorrem 617 práticas. Além das categorias já tradicionais, com tema livre, haverá um Prêmio Destaque para a prática que tiver como principal objetivo a “Promoção e Defesa dos Direitos Humanos”.

 

                                               

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