Cotidiano

RR ocupa 1ª posição no ranking dos estados mais violentos

Pesquisas apontam uma dura realidade para Roraima quando o assunto é segurança pública. Para quem ocupava em 2013 a sexta posição como o mais seguro do Brasil, Roraima passou a ocupar o primeiro lugar como o mais inseguro, quando registrou 59,84 homicídios para cada 100 mil habitantes, em 2018. Essa informação foi apresentada pelo deputado estadual Coronel Chagas (PRTB), com base em uma pesquisa realizada por institutos como o Núcleo de Estudos da Violência (NEV) da Universidade de São Paulo e Fórum Brasileiro de Segurança Pública.

“Em 2014 e 2015 estávamos em o terceiro mais seguro. Mas, a partir de 2016 começamos a cair de posição, quando saímos de terceiro mais seguro para o 10º e depois para o 19º lugar. E finalmente, em 2018, passamos para a 27ª posição, ou seja, o primeiro mais inseguro do Brasil. E continuamos a liderar com 10,9 mortes ocorridas nos três primeiros meses deste ano”, revelou o parlamentar, conforme dados da pesquisa que analisou os números de homicídios dolosos, latrocínios, lesões corporais seguida de morte e confronto com a polícia.

O parlamentar ressaltou que a situação é preocupante. “Isso demonstra que precisamos de mais investimentos em segurança pública. O quadro financeiro do estado é difícil? É. Tem que cortar? Tem. Mas tem que dar prioridade à segurança, saúde e à educação”, disse Coronel Chagas, afirmando que é preciso retomar os concursos das polícias Militar e Civil, além da realização urgente de um concurso para agente penitenciário. “Assim que a Força Nacional sair daqui vai ser difícil manter esses procedimentos que foram implantados porque temos o número defasado de policias”, disse.

“Esse é um alerta para que o governo tome providências, mas que não terão o resultado imediato. O concurso da PM é mais de um ano para se concluir, idem o da Polícia Civil e o da Sejuc [Secretaria Estadual de Justiça e Cidadania]. Hoje se tem a necessidade premente de mais 400 policias, imagina daqui um ano e meio, dois anos, quando encerrar o concurso, não serão mais só 400, serão 800 policiais porque muitos estão se aposentando e a criminalidade aumentando”, ressaltou Coronel Chagas.

O parlamentar elencou alguns fatores que contribuem para o alto número de homicídios em Roraima, como a instalação de facções criminosas e a crise migratória. “Temos mais de 100 mil venezuelanos no estado. É claro que entre a maioria seja pessoas de bem, mas junto vêm pessoas que já eram criminosos no país vizinho e outros passaram a ser em razão da situação, da fragilidade, por não ter emprego, comida, não ter onde morar e se tornam presas fáceis para cometerem crimes e muitos jovens são cooptados para o crime”, esclareceu Coronel Chagas.

2017 e 2018

Quase 6 mil ocorrências envolveram estrangeiros

Um relatório estatístico da Polícia Militar, com data do dia 8 deste mês, traz uma análise comparativa de ocorrências policiais com crimes cometidos por estrangeiros em Roraima, nos anos de 2017 e 2018. Os dados fazem parte da plataforma de chamadas e registros de emergências do Centro Integrado e Operações Policiais do Estado de Roraima, da Secretaria de Estado da Segurança Pública.

Nos últimos dois anos foram registradas 5.938 ocorrências envolvendo estrangeiros, sendo que 95% desses casos são oriundos da nacionalidade venezuelana. Os dados demonstram que em 2017 o atendimento emergencial registrou 1.765 ocorrências envolvendo estrangeiros, o que representa 2,26 % das 77.939 demandas do ano. 

Já em 2018, foram registradas 4.173 ocorrências, o que representa 5,8% das demandas do total de 71.852 ocorrências. A taxa de crescimento das demandas de 2017 para 2018 é de 136%. 

O relatório apresenta ainda os bairros com o maior número de ocorrências registradas, devido à concentração de estrangeiros em torno de abrigos e locais que se situam durante o dia (semáforos), bem como o tipo de crime cometido nessas localidades. 

Tabela com as ocorrências mais incidentes 

Comandante diz que PM trava guerra desigual

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Elias Santana, explicou que existem dados que apontam que mais de 600 estrangeiros ingressam por dia no Brasil, por Roraima. “Consequentemente, a estratégia que nós tínhamos ontem talvez já não sirva para hoje. Então eu digo que a PM tem uma guerra desigual e todos os dias nós temos que nos reinventar, temos que potencializar as nossas condições, seja de logística ou de material, para fazer frente a essas ocorrências criminais. Não tem sido fácil, mas vamos continuar firmes com a nossa missão que é de proteger o cidadão”, ressaltou.