Cotidiano

RR registra mais de 6 mil casos de Malária nos cinco meses do ano

Rorainópolis e Alto Alegre lideram ranking de municípios com mais incidências da doença 

A malária, doença infecciosa muito comum em regiões tropicais, fez com que a Organização Mundial de Saúde (OMS) emitisse alerta para os registros de casos confirmados da doença nos últimos três anos em Roraima. Em 2017 foram 3.771 ocorrências somente nos meses janeiro a maio. Em 2018 o número foi de 7.058 e em 2019 já somam 6.842 até o quinto mês do ano.

De acordo com os dados da Coordenadoria Geral de Vigilância e Saúde (CGVS), o município com mais incidências da doença nos últimos dois anos tinha sido Rorainópolis, na região sul do estado, mas em 2019 Alto Alegre é quem tem ocupado esse posto, com cerca de 1.222 casos.

A capital Boa Vista tem apenas 105 registros da doença nos cinco primeiros meses de 2019.

Conforme explicado pela gerente do Núcleo de Malária, Ducinéia Barros, Roraima tem apresentado dificuldade no combate à doença nas regiões como as áreas de garimpo ilegal. “Embora façamos ações de combate com a população, não conseguimos ter acesso as áreas consideradas de maior risco de contágio, como reservas indígenas onde predomina o garimpo ilegal. Muitos garimpeiros ficam receosos pensando que vamos denunciar a situação em que trabalham e não permitem que equipes cheguem até eles para fazer a entrega de mosquiteiros, por exemplo. Isso aconteceu nas regiões de Rorainópolis, Amajarí e Cantá”, disse Ducinéia.

Forma de transmissão – A Gerente do Núcleo de Malária disse que a doença não é contagiosa e que uma pessoa doente não é capaz de transmiti-la diretamente a outro ser humano.

 “É necessária a participação de um vetor, que no caso é a fêmea do mosquito infectada por Plasmodium, um tipo de protozoário. Estes mosquitos são mais abundantes nos horários do entardecer e ao amanhecer. Todavia, são encontrados picando durante todo o período noturno, porém em menor quantidade”.

Pacientes com malária podem apresentar febre alta, calafrios, tremores, sudorese, dor de cabeça e até vômito, seguidos de falta de apetite e cansaço. “Todos estão sujeitos a contrair a doença. Indivíduos que tiveram vários episódios de malária podem atingir um estado de imunidade parcial, apresentando poucos ou mesmo nenhum sintoma no caso de uma nova infecção. A forma mais grave da doença pode apresentar alteração da consciência, hemorragias e convulsões”, explicou Ducinéia Barros.

Diagnóstico e tratamento – De acordo com Ministério da Saúde, não existe vacina e pacientes diagnosticados recebem tratamento com comprimidos fornecidos gratuitamente em unidades do Sistema Único de Saúde (SUS). Somente casos graves são hospitalizados de imediato.

Combate à malária é de responsabilidade dos municípios 


Diagnóstico da malária só é possível com antígenos em contato com o sangue do paciente, feito por profissionais da saúde (Foto: Nilzete Franco/FolhaBV)

A Gerente do Núcleo de Malária, Ducinéia Barros, disse que é de responsabilidade dos municípios o controle da doença e que o governo Estadual trabalha na parceria, fornecendo insumos e outros materiais para que as ações de combate sejam realizadas. 

Em Boa Vista, a Secretaria Municipal de Saúde informou que faz controle de ocorrência de casos em área urbana por meio das equipes da Unidade de Vigilância e Controle de Zoonoses. São aplicadas medidas que desfavorecem a proliferação do mosquito, que vão desde o controle vetorial até a nebulização espacial e a borrifação residual nas residências próximas às localidades de risco, como balneários e rios.

Os agentes também levam até a população exame para detecção da malária. Caso o exame seja positivo, a pessoa já recebe o medicamento para começar o tratamento, que dura em média de 7 a 14 dias. As unidades básicas de saúde da prefeitura de Boa Vista também disponibilizam os exames e os medicamentos para tratamento em todos os postos de saúde da capital.