Cotidiano

Roraima passa de 600 mil habitantes, diz IBGE

Pacaraima apresentou a maior da taxa geométrica de crescimento, mas IBGE não contou imigrantes

A população do Estado de Roraima será superior a 605,8 mil habitantes até o final de 2019, segundo estimativa do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), divulgada ontem. O estado, no entanto, continuará como o estado menos populoso, com 605,8 mil habitantes (0,3% da população total). O maior deles é São Paulo, com 45,9 milhões de habitantes, concentrando 21,9% da população do país. 

Em 2010, o censo do IBGE apontou população de 450.479 habitantes em Roraima e em 2015 chegou a 505.665 habitantes. Em 2017 éramos 522.6 mil habitantes e no ano passado a população foi estimada em 576. 568 habitantes.

Em relação à taxa de crescimento populacional, Pacaraima, município a norte do Estado, apresentou a maior da taxa geométrica de crescimento populacional do Brasil com 11,7% e população estimada em 17.401. A taxa média do País foi de 0,79% ao ano. Roraima chegou a 5%.

Já a capital Boa Vista terá 399.213 habitantes no próximo ano e apontou o maior crescimento da taxa geométrica populacional entre todas as capitais brasileiras, com 6,35%. No ano passado, a estimativa foi de 375,4 mil habitantes. São 23,8 mil pessoas a mais morando na capital. 

Segundo a Prefeitura de Boa Vista, o aumento da população tem relação direta com a chegada em massa de imigrantes venezuelanos que fogem da crise em seu país.

Ainda segundo a Prefeitura, apenas 6,5 mil venezuelanos recebem assistência e alimentação dentro dos abrigos geridos pela Operação Acolhida, do Governo Federal, em Boa Vista e na cidade de Pacaraima, na fronteira com a Venezuela. A maioria vive em casas cedidas, alugadas, prédios abandonados e até mesmo nas ruas.

Imigrantes não estão incluídos na contagem do IBGE

À Folha, o chefe de Supervisão de Documentação e Disseminação de Informações do IBGE em Roraima, Liezer Hernandez Pino, informou que na metodologia de estimativa usada pelo Instituto não estão incluídos os imigrantes, apenas os bebês filhos de imigrantes e brasileiros nascidos em Roraima, como também os óbitos. 

“Tanto o registro civil como os óbitos fazem parte da metodologia do cálculo da estimativa populacional do IBGE”, afirmou. 

Ele citou que Roraima foi beneficiado na revisão da projeção de 2018, sendo o único Estado incorporar a migração internacional, em função dos intensos fluxos migratórios de venezuelanos ocorridos nos últimos anos. 

“Porém, é importante lembrar que o efeito da migração na população do estado não é a soma dos saldos migratórios internacionais anuais até 2018, mas sim, o efeito líquido dessa migração, ou seja, considera-se as entradas no país, óbitos, nascimentos e re-emigração, que essa população sofre desde 2015 até 2019, ano de referência das estimativas”, disse. “Desta forma, para se obter o resultado da migração internacional desde 2015 até 01 de julho de 2019, obtém-se a diferença entre as populações projetadas para a mesma data, com e sem a migração”, afirmou. 

PARÂMETROS – Ele lembrou que as estimativas populacionais municipais são um dos parâmetros utilizados pelo Tribunal de Contas da União (TCU) para o cálculo do Fundo de Participação de Estados (FPE) e Fundo de Participação dos Municípios (FPM) e são referência para vários indicadores sociais, econômicos e demográficos. (R.R)

Municípios que apresentaram as maiores Taxas Geométricas de Crescimento Populacional em Roraima

Para sociólogo, natalidade e concursos públicos puxam crescimento populacional


Sociólogo disse que muitos brasileiros vêm a Roraima em busca de melhores condições de vida

A alta taxa de crescimento populacional apontada este ano em Boa Vista em 6,4% pelo IBGE foi citada pelo sociólogo Paulo Racoski como uma constante dos últimos anos na capital e que este fenômeno vem da alta taxa de natalidade no município, que é de 3%, acima da média nacional, de 1,98%.   

“Venho acompanhando esse crescimento em Boa Vista desde o Censo de 2010 e nosso crescimento é acima da média em todas as observações”, disse. “Nós temos o índice de natalidade maior do Brasil e isso está sendo mais estimulado pelo fluxo de imigração de mulheres venezuelanas que chegam grávidas e têm seus filhos em Roraima e, por lei, são registrados como roraimenses e brasileiros”, disse.

Outro ponto destacado pelo sociólogo se refere ao fluxo migratório interno de brasileiros que vêm a Roraima em busca de melhores condições e qualidade de vida.

“Muitos brasileiros vêm estimulados por uma mítica de expectativa de vida que aqui vão viver bem e vão prosperar, além dos concursos públicos que ainda atraem bastantes pessoas, embora tenha diminuído bastante ultimamente, mas que ainda é motivador, além da outrora tranquilidade de uma cidade pequena, porém as pessoas estão tendo mais cautela devido ao aumento da violência”, disse.    

Rakosci destacou ainda as mudanças nos perfis dos migrantes que antes, no início do Estado, chegavam sem muita instrução escolar.

“Os migrantes que vêm para o Estado com ensino médio completo, ensino técnico e superior. Não é mais a migração em massa, de baixa escolaridade, como era antigamente, mas direcionado para trabalhos braçais”, disse. (R.R)