Cotidiano

Roraima registra queda no IDH Municipal

Índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano; no Estado, IDHM saiu de 0,736 para 0,731

O Radar IDHM, estudo divulgado esta semana pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) que detalha os indicadores de desenvolvimento humano no Brasil, apontou queda de 0,006 no Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM) de Roraima entre os anos de 2016 e 2017,saindo de 0,736 para 0,731 e sendo a segunda maior baixa do País no período, perdendo apenas para o Acre, que teve 0,010, entre os 27 Estados. Além deles, mais quatro apresentaram redução: Rio Grande do Norte (-0,005), São Paulo (-0,005), Distrito Federal (-0,004) e Pernambuco (-0,003). 

O índice varia de 0 a 1. Quanto mais próximo de 1, maior o desenvolvimento humano. As baixas vão na contramão da tendência nacional, que apresentou crescimento nas outras 21 unidades federativas do País. De acordo com o Ipea, a média nacional subiu 0,002, saindo de 0,776 para 0,778. 

Para o IDHM, é levado em consideração, principalmente, o desempenho da saúde, educação e renda de cada região. Com base nos resultados obtidos do índice, é possível saber se o Estado tem se desenvolvido, oferecendo mais qualidade de vida aos habitantes.

O sociólogo Linoberg Almeida, professor de Ciências Sociais da UFRR, avaliou os números de Roraima e disse que uma das hipóteses para o Estado não melhorar a colocação no IDHM é o fato de não haver um projeto político-social bem definido. 

“Os últimos dados do IDH mostram uma redução pequena, que ainda sinaliza estabilidade. No entanto, vivemos crises combinadas que sem estratégia e planejamento podem aprofundar questões históricas, como alta concentração de renda, corrupção endêmica, qualidade precária das condições de emprego e violência urbana”, disse.

Ele ressaltou que o planejamento orçamentário de curto, médio e longo prazo, qualificando o Plano Plurianual como projeto de Estado e sociedade menos susceptível a crises políticas e eleitorais, seria um das variantes para melhorar a qualidade de vida no Estado.

“Além de avançar na política de saneamento básico que influencia diretamente na saúde pública, chegando em igual medida a todos os municípios de Roraima, irradiados por Boa Vista, tirando essa carga de cidade-estado ímã para cidade-parceira do desenvolvimento regional, são caminhos” , afirmou.

Quanto às políticas públicas que faltam ser implementadas, Linoberg destacou a educação.  

“IDH melhora com educação melhor. Num Estado com problemas na merenda, no transporte e longos períodos sem aula, há interferência no índice. Se olhamos para o ensino médio, taxas de evasão, retenção, insucesso, pouca aplicação à realidade dos jovens e ao mundo do trabalho levam a quedas do índice.” 

Outro fator citado pelo sociólogo foi quanto à crise migratória. 

“A questão migratória traz desconfortos, mas é uma excelente perspectiva de criar rumos que associem educação, saúde, renda e longevidade às nossas populações. Ser peso ou ser oportunidade é uma questão política. É só ver IDHs de quem investiu estrategicamente e anos depois o retorno concreto foi desenvolvimento”, avaliou.