Cotidiano

Sem cirurgia, criança com tumor na garganta voltará a Boa Vista

“Se é pra eu ficar aqui e pro meu filho adoecer e morrer aqui, eu prefiro ir embora pra minha cidade. Estou cansada disso, estou cansada”, disse a mãe, aos prantos

A busca da família pela cirurgia do pequeno Pedro Kauã dos Santos Gomes, de cinco anos, diagnosticado com um tumor na garganta, ganhou mais um capítulo. Depois de o Tratamento Fora de Domicílio (TFD) enviá-lo para Manaus e de o menino não ter o nome incluído na Policlínica Codajás, na cidade – o que foi resolvido na sequência -, a mãe da criança disse nessa sexta-feira (12) que a otorrinolaringologista que atendeu o garoto declarou que o procedimento para retirar o abcesso não é oferecido na rede pública do Amazonas.

Com isso, a mãe de Pedro Kauã revelou à FolhaBV que procurou dois dos maiores hospitais de Manaus, que também lhe informaram não ter a oferta da cirurgia. Com ajuda de custo paga pela família, ela disse não ver motivos para continuar na capital do Amazonas. Por isso, se organiza para voltar a Boa Vista.

“Meu filho não quer ficar aqui [em Manaus]. Ele não dorme, não come. Estamos trancados dentro de um apartamento que parece um ovo. Se é pro meu filho adoecer e morrer aqui, eu prefiro ir embora pra minha cidade. Tou cansada disso, tou cansada. Só eu sei o quanto estou sendo feita de besta. Tou vendo a hora de perder meu filho e eu não conseguir fazer nada. O que estão fazendo com ele é um descaso”, disse, aos prantos, a mãe de 24 anos.

Há dois meses, Pedro Kauã foi internado no Hospital da Criança depois de desmaiar com falta de ar. Médicos diagnosticaram um tumor na garganta do menino e, por isso, instalaram uma traqueostomia provisória. Ele sofre com falta de ar e outras complicações causadas pelo abcesso, como febre e vômitos.

Em Boa Vista, a avó do menino, Magnólia Barbosa Camelo, de 46 anos, disse ter procurado o Ministério Público Estadual (MPE-RR) para denunciar a situação.

À FolhaBV, o MPE-RR disse ter apurado que o problema não foi causado pelo setor de TFD em Boa Vista, mas pela alta demanda pelos serviços de saúde na rede pública hospitalar do Amazonas, e prometeu, por meio de um assessor jurídico, entrar em contato com a avó da criança, para orientá-la sobre medidas formais a tomar com a ajuda de um defensor público ou de um advogado.

Procurada, a Prefeitura de Boa Vista, responsável pelos procedimentos de TFD do garoto, ainda não se pronunciou sobre o assunto.