Cotidiano

Sindicato denuncia surto de doenças e fossa estourada na Pamc

Sindicato denunciou que o esgoto alcançou o poço artesiano, contaminando a única fonte de água potável. Governo de Roraima nega doenças e contaminação

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

Casos de diarreia, vômito, coceira, desmaio e sarnas se tornaram frequentes entre os detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) desde que as fossas sépticas da unidade foram estouradas, há cerca de três semanas. A denúncia foi feita pelo Sindicato dos Agentes Penitenciários (Sindape), que destacou ainda a insalubridade à qual os servidores são submetidos.

Após o estouro, o esgoto alcançou o lençol freático e o poço artesiano da unidade, contaminando a única fonte de água potável no presídio. Entre os agentes, a alternativa para não sofrer infecção foi começar a comprar água com dinheiro próprio. O cheiro, contudo, permanece. “Já não bastasse os problemas de sempre, estamos enfrentando agora um fedor horrível em todo presídio”, declarou o presidente do Sindape, Lindomar Sobrinho.

Na denúncia, o Sindape apontou que, há meses, a atual gestão da Secretaria de Justiça e Cidadania (Sejuc) vem tentando esconder das demais autoridades o que acontece na Pamc. Além disso, esclareceu que o sindicato foi proibido de fazer imagens das omissões praticadas na unidade prisional. “Clamamos que as autoridades façam uma visita urgente na penitenciária e registrem em fotos e vídeos o que está acontecendo”, disse.

Outro problema destacado pelo sindicato e que não é novidade, diz respeito à superlotação. Na avaliação de Sobrinho, o fato de a unidade acomodar mais presos do que a capacidade permitida é uma das razões para o estouro das fossas. Atualmente, 2.145 presos cumprem pena na Pamc. A capacidade, entretanto, é de pouco mais de 485 pessoas, conforme o presidente.

Mesmo sem respostas ou previsão de manutenção por parte da Sejuc, o Sindape destacou que vai permanecer na luta por um sistema prisional sem maquiagem e com condições dignas e salubres de trabalho, além de continuar informando as autoridades acerca das deficiências e omissões praticadas pela gestão. “Estamos sem condições de trabalho. É preciso que algo seja feito. A Pamc é uma bolha que, se explodir, vai ser pior”, declarou.

OUTRO LADO – Em relação às fossas sépticas, a Sejuc informou em nota que a empresa responsável pela execução da obra de reforma da Pamc está providenciando as balas de infiltração para solucionar o problema. Sobre a denúncia de contaminação da água, a pasta esclareceu que a informação não procede e que há um laudo técnico científico confirmando que a água está própria ao consumo humano. Em relação aos surtos e diarreias, informou ter um médico em atendimento na unidade prisional durante os períodos da manhã e tarde, e nada foi relatado sobre o assunto. “Ainda assim, é importante destacar que há tratamento disponível na unidade prisional, com devido acompanhamento médico”, concluiu a nota.

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