Cotidiano

Sociedade Civil aprova fórum de combate a violência de gênero

Defensoria e UFRR realizaram o evento para sindicatos, movimentos sociais e associação

Representantes das Organizações da Sociedade Civil (OSC’s) compareceram em peso ao Fórum de discussão sobre violência de gênero, ocorrido no auditório da Defensoria Pública do Estado (DPE). A iniciativa da Defensoria Pública e da Universidade Federal teve como foco capacitá-los para o enfrentamento e a prevenção no âmbito de suas atuações.

Para a professora e militante do Sinter (Sindicato dos Trabalhadores em Educação), Antonia Pedrosa, a temática do fórum é pertinente e muito atual, pois a violência contra as mulheres e a população LGBTQ+ aumenta a cada dia. “Parabenizo os idealizadores pela iniciativa, porque é um debate necessário e urgente. Além disso, a sociedade, como um todo, tem a responsabilidade sobre as vidas que são ceifadas por conta da pessoa ser mulher ou por conta de sua orientação social”, elogiou.

A presidente do movimento UNEGRO, Glória Rodrigues, ressaltou que o debate gera fortalecimento das políticas e enfrentamento em relação a toda e qualquer violência. “Uma das preocupações nossas nessa política é estabelecer uma forte relação com a sociedade em geral a fim de combater desigualdade e violência”, comentou.

A presidente da Associação das Defensoras e Defensores Públicos de Roraima, Elcianne Viana, entidade que apoio o evento, recordou que o tema integra ainda a Campanha Nacional da Anadep e Defensorias Públicas Estaduais “Em Defesa Delas”, de 2019. “é de suma importância espaços de debates para abordar o papel da Instituição na construção de políticas públicas que combatam discriminações sofridas pelas mulheres e, sobretudo, buscar mecanismos de conscientização da sociedade para quebrar o ciclo da violência e cooperar para reduzir a desigualdade de gênero”, avaliou.

Além de participar das atividades do fórum, os membros da Coopercinco (Cooperativa Agropecuária dos Cinco Polos) expuseram os produtos da agricultura familiar, no hall do auditório. A entidade é sem fins lucrativos e defende programas e projetos do interesse da agricultura familiar.

Segundo o diretor de Políticas Públicas Sociais, Rockfeller Alves, a cooperativa foi criada para vendas, mas também tem um papel muito importante na parte social. “Somos 640 sócios cooperados hoje, então, abrangemos muitas mulheres do campo e, dentro disso, temos muitos casos que precisam de atenção para evitar qualquer tipo de agressão. Tivemos várias discussões e vamos tentar entrar em um consenso de como a cooperativa pode ajudar para diminuir esses casos”, comentou o diretor.

DEBATES: O fórum de discussão teve dois momentos. O primeiro com a instalação de três mesas de debate que levou para a sociedade civil a questão da violência obstétrica, institucional e doméstica e, na sequência, apresentação dos serviços da Rede de Proteção existente no estado, bem como do Sistema de Justiça.

A médica Eugênia Glauci, uma das que mais contagiou o público com sua fala emblemática, palestrou sobre a violência obstétrica, na primeira mesa de discussão instalada. Conforme ela, é uma condição mais ligada ao viés estrutural da unidade de saúde, seja pública ou privada. “A violência é um fato provocado por falta de estrutura para atender as mulheres na hora do parto, como também uma condição confortável no momento puerperal”, enfatizou.

Na sua explanação, Eugênia fez um breve resgate no período de diretora da maternidade e de secretária de saúde, a fim de mostrar que a fala era técnica e de conhecimento experimental vivido.  “O centro cirúrgico da maternidade continua com os mesmos leitos – até menos hoje – quando foi inaugurado na minha gestão. A saúde precisa de pessoas técnicas e qualificadas, muitos qualificados pelo Ministério da Saúde foram colocados para fora e não estão desempenhando o papel que são capazes de fazê-los”, pontuou.

Os debates seguiram com a defensora pública Tatyane Costa, que falou da violência institucional. Inclusive, relatou uma situação vivida por ela própria.  Na sequência, houve a palestra Rede de Serviços no atendimento à mulher vítima de violência, ministrada pela assistente social do TJRR, Débora Nóbrega.

Já no segundo momento, cada líder sindical, de associação e de movimento social se comprometeu a apresentar posteriormente propostas concretas para dar continuidade aos debates nas bases. Serão realizadas oficinas por segmentos.