Cotidiano

TCE dá 24 horas para que Sesau informe tratamento e prevenção de contágio

ANA GABRIELA GOMES

Editoria de Cidade

O conselheiro do Tribunal de Contas do Estado (TCE) e relator das contas da Secretaria da Saúde (Sesau), Bismarck Azevedo, solicitou à Sesau e ao Departamento de Vigilância Sanitária Estadual, na manhã desta quinta-feira, 23, informações sobre o contágio dos detentos da Penitenciária Agrícola de Monte Cristo (Pamc) que estão internados no Hospital Geral de Roraima (HGR). O prazo dado foi de 24 horas. 

A razão do pedido foram as notícias que chegaram ao conselheiro a respeito do encaminhamento dos presos infectados ao HGR e do tratamento que estariam recebendo na unidade. Ciente das informações, e com foco nas ações concomitantes do TCE, ele decidiu solicitar informações acerca dos procedimentos que estão sendo adotados junto aos detentos no sentido de tratamento e controle epidemiológico.

Com a entrega dos dados, será realizada uma comparação junto aos protocolos usuais aplicados ao tratamento e prevenção de disseminação. “A partir daí, deve-se elaborar uma medida futura de forma urgente, por isso o prazo de 24 horas para o retorno do que foi solicitado. Se existem problemas, o tribunal pode e deve identificá-los, além de determinar aos gestores para que o corrijam, isso de forma concomitante”, explicou.

Diante dessa comparação junto a protocolos de atendimento e prevenção para o tipo de agente causador da doença, o TCE solicitou apoio técnico do Conselho Regional de Medicina (CRM) para subsidiar as informações que serão recebidas. O conselheiro destacou que a autarquia se prontificou de imediato a ajudar por meio de um corpo técnico profissional que vai contribuir no processo.

Até as 15h desta quinta-feira, Azevedo só havia recebido retorno da Vigilância Sanitária. A entidade pediu prorrogação de prazo para segunda-feira, 27, com a justificativa de que iria realizar inspeções relacionadas ao controle de epidemias no HGR. As visitas iniciaram ontem e continuariam hoje, 24. A Sesau, no entanto, não havia entrado em contato com o conselheiro, apesar de estar dentro do prazo.

Por ser uma questão de saúde e interesse públicos, Azevedo espera que a pasta repasse as informações solicitadas. “Tenho certeza que vão informar dentro do prazo, mas se porventura não cumprirem sem qualquer justificativa, medidas podem ser tomadas, incluindo o afastamento de servidores e multa. Neste caso, queremos evitar qualquer problema futuro que possa atingir a população ou os próprios servidores do HGR”, concluiu.

SESAU – A reportagem da Folha procurou a Sesau (Secretaria Estadual de Saúde) que informa que recebeu a notificação do relator de contas do TCE.

“O titular da pasta, Dr. Allan Garcês, convocou todos os coordenadores para responder as respectivas demandas do órgão fiscalizador em tempo hábil.”


População fala sobre receio de atendimento no HGR


O servidor público municipal João Paulo Batista e o agente administrativo Giovanni Souza não se sentem seguros em utilizar os serviços do único hospital-geral do Estado (Foto: Diane Sampaio/FolhaBV)

No início da semana, as análises laboratoriais feitas pela Coordenação Geral de Vigilância em Saúde (CGVS), da Secretaria Estadual de Saúde (Sesau), confirmaram que a doença dos detentos internados no Hospital Geral de Roraima (HGR) é a piodermite, do tipo impedigo, uma infecção na pele causada por bactérias oportunistas, que ocorre quando já existe uma lesão de pele do tipo escabiose. Mas antes mesmo da descoberta, já se ouvia da população um certo receio em receber atendimento no único hospital do Estado. 

E agora, você se sente seguro em utilizar o HGR? A Folha conversou com alguns populares que, em unanimidade, afirmaram não sentir segurança. Um deles é o servidor público municipal João Paulo Batista. “Eu evito totalmente ir ao HGR. De verdade mesmo, eu tenho medo. Vou sempre na farmácia e converso sobre os sintomas com o farmacêutico (óbvio que em relação a coisas que não sejam graves). Mas eu evito totalmente ir ao Hospital Geral”, disse. 

O agente administrativo Giovanni Souza também não se sente seguro, mas não só pelo caso da bactéria, mas por todo um conjunto. “Os relatos de falta de mantimentos, problemas constantes com infecções hospitalares, más condições de trabalho para os profissionais da saúde, dentre outros problemas, não me passam sentimento de segurança no caso de por ventura vir a precisar dos serviços hospitalares do HGR”, relatou.