Cotidiano

Taxa de mortalidade é maior em Roraima que no resto do país

Em Roraima são 79 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto que no Brasil são 42 mortes para cada 100 mil habitantes

Roraima apresenta índices negativos com relação ao covid-19, entre elas, a análise da taxa de mortalidade. Considerando apenas este índice, que estima o risco de morte pelo coronavírus, o percentual é maior no Estado do que no restante do país. Em Roraima são 79 mortes para cada 100 mil habitantes, enquanto que no Brasil são 42 mortes para cada 100 mil habitantes.

A análise é do pesquisador de Economia e Dinâmica de Sistemas da Embrapa Roraima, George Amaro. O especialista explica que o percentual está em 79 pessoas por 100 mil habitantes, ou seja, uma taxa de letalidade de 1,58% e uma taxa de recuperação de 29%.

Na análise da taxa de letalidade, porém, Roraima está em um nível abaixo da média nacional. O percentual do Brasil é de 3,6%, enquanto em Roraima é 1,58%. “A taxa de letalidade dá uma ideia da gravidade da doença, indicando a relação de óbitos com o número de casos confirmados. O coeficiente de mortalidade estima o risco de morte e reflete a efetividade das medidas de controle e prevenção”, explica Amaro.

Há ainda o coeficiente de incidência, que estima o risco de ocorrência da doença. No Brasil, está em 1.182 para cada 100 mil habitantes e em Roraima, é 4.803 para cada 100 mil habitantes, explica George.

Amaro ressalta que para obter uma análise mais ampla para adoção de políticas públicas, é preciso avaliar os vários indicadores e divulgar os dados da forma mais transparente possível para a população. Inclusive, esta foi uma das razões pelo qual decidiu analisar as informações, produzir gráficos e divulgar nas redes sociais.

“Acompanhar a evolução dos indicadores, dia após dia, para tomar as medidas necessárias para proteger a população é o que um bom gestor público deve fazer, além, é claro, de contribuir com a divulgação e transparência total dos dados. Assim como eu, há várias pessoas e grupos que acompanham, analisam e divulgam dados e informações sobre COVID-19 diariamente. Isso passou a fazer parte de um esforço global, na busca por entender o que está acontecendo e como cada um pode contribuir para melhorar (ou tornar menos pior) a situação. E, sem dados de qualidade, todo esse esforço se perde”, avaliou.

Número de óbitos não vem diminuindo drasticamente, diz pesquisador

Segundo Amaro, o aumento de casos e óbitos que tiveram repercussão nacional estão corretos e são um reflexo de registros novos e antigos que só agora foram contabilizados. A avaliação é que isso acontece por conta do sistema de verificação dos dados.

“Há uma demora entre uma pessoa sentir os sintomas e procurar o sistema de saúde, entre quatro e sete dias. Depois, temos o tempo necessário para que o caso seja confirmado e registrado nas bases de dados. Ainda mais agora, com exames sendo enviados para a Fiocruz. Também temos o atraso para os dados serem oficialmente divulgados. Isso cria um atraso especialmente grande entre a data de diagnóstico provável e a data de entrada no sistema. E fica pior ainda quando os dados vem de testes rápidos feitos pelas unidades básicas dos municípios, pois demoram outros dois a três dias para aparecerem nos cards do Governo de Roraima”, afirma.

Conforme análise dos valores com base nos cards divulgados pelo Governo do Estado, ele explica que na 30ª semana foram 66% mais resultados de testes do que na 29ª semana, o que explicaria o aumento dos casos confirmados de covid. Quanto ao número de óbitos, Amaro acredita que seja por duas causas: óbitos novos e óbitos que estavam em investigação e que foram confirmados posteriormente como sendo de covid-19. O especialista alega ainda que, desta forma, não se pode acreditar na informação repassada há cerca de duas semanas de que o número de óbitos no Estado estaria diminuindo drasticamente.

Segundo o pesquisador, quando se analisa os dados de óbitos como estão nos cards, somando os dias e computando o total na semana epidemiológica, sem considerar os óbitos que estavam em investigação, podem ocorrer conclusões erradas. “Dessa forma, seguindo o que está sendo feito, o gráfico de óbitos está certo e mostra um aumento de 33% entre a semana 30 e a 29 e de 57% entre a semana 30 e a 28”, declarou.

Evolução de casos e óbitos por semana (Gráfico: George Amaro)