Cotidiano

Yanomami registram décima morte de criança indígena

Casos foram contabilizados desde o dia 26 de janeiro e motivou questionamento ao Ministério da Saúde

Os yanomami registraram a morte de mais uma criança por covid-19 e contabilizam dez óbitos causadas pela doença. Os casos foram registrados desde a última sexta-feira, 26.

O óbito foi relatado pelo presidente do Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami (Condisi-YY), Júnior Hekurari, à FolhaBV nesta terça-feira, 02. Segundo o representante, a criança tinha um ano e era moradora da comunidade Taremu, na região do Surucucu, próximo ao município de Alto Alegre (RR).

O crescimento alarmante de casos de covid em Roraima, em especial nas comunidades indígenas, resultou em um ofício do Condisi para o Ministério da Saúde solicitando o envio de uma equipe de saúde para as regiões mais afetadas. Na época, o Ministério da Saúde afirmou em nota que recebeu a comunicação das mortes e que investigará a “veracidade das informações”.

O documento aponta que quatro crianças vieram a óbito na Comunidade Waphuta e outras cinco crianças faleceram na comunidade do Kataroa, além de ao menos 25 crianças com os mesmos sintomas e estado grave. 

“Desde o dia 26, nove mortes foram confirmadas pelo agente de saúde da comunidade em Kataroa e Waphuta. E ontem morreu mais uma criança de um ano, na comunidade Taremu, no Surucucu. Ainda estou aguardando saber se essa criança já estava internada ou não. Mas a criança faleceu”, disse Júnior.

O presidente do Condisi revela que por se tratar de uma região de difícil acesso, ainda aguarda informações do agente de saúde que presta serviço no local. Ele explica ainda que há a suspeita da morte de um idoso, de 60 anos, que ainda precisa ser confirmada. “Ainda estou aguardando informações concretas”, completou.

DOCUMENTO – Segundo o documento, o cenário é grave e demanda uma atuação coordenada e integral dos órgãos responsáveis pela política de saúde, sem abrir mão de todos os apoios e parcerias com a sociedade civil necessários nesse momento.

“Solicitamos que as instituições públicas cumpram o seu papel legal e constitucional, em todos os níveis federativos, responsabilidade que recai de forma mais grave e severa sobre a FUNAI e a SESAI dois instrumentos administrativos imprescindíveis para que o contexto da pandemia covid-19 não se transforme em um episódio de genocídio”, diz o ofício.

O documento foi apoiado pelo Conselho Indígena de Roraima (CIR). “Reforçamos ainda que nós, povos indígenas, somos contra o garimpo e contra os garimpeiros que estão matando os nossos irmãos e destruindo nossa natureza”, disse o CIR em carta de apoio lançada nesta terça-feira, 02.

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