Cotidiano

Hekurari volta a denunciar controle de pistas de pouso por garimpeiros

Em março passado, indígenas da comunidade Homoxi já relatavam dificuldades no atendimento de saúde na região

Líder indígena e presidente do Condisi-YY (Conselho Distrital de Saúde Indígena Yanomami e Ye’kuana), Júnior Hekurari Yanomami voltou a denunciar que garimpeiros estão controlando as pistas de pouso na comunidade indígena Homoxi, na Terra Indígena Yanomami.

Nesta quarta-feira (17), em postagem no Instagram, Hekurari pede à Justiça Federal a retirada dos garimpeiros e os acusa de impedir o pouso de aeronaves de saúde no local. Segundo ele, o controle causou o fechamento da UBSI (Unidade Básica de Saúde Indígena) da comunidade.

Hekurari pediu, ainda, que uma equipe de força policial permaneça em área até a normalização da saúde indígena. “Essa situação já dura um ano! É muito tempo sem saúde para o povo Yanomami”, disse.

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À Folha, Hekurari relatou que vivem, na região, em torno de 400 indígenas. Além disso, ele disse aguardar que o Dsei (Distrito Sanitário Especial Indígena) Yanomami finalize o relatório com a quantidade de indígenas mortos por problemas de saúde durante o período de fechamento da unidade, para formalizar novo pedido de ajuda às autoridades.

A Folha pediu posicionamento de órgãos, como a Advocacia-Geral da União (AGU) e os ministérios da Saúde, e da Justiça e Segurança Pública, além da Polícia Federal (PF) e do Ministério Público Federal (MPF), e aguarda retorno.

Em março passado, indígenas da comunidade Homoxi já relatavam dificuldades no atendimento de saúde na região e gravaram um vídeo em que pediam a reabertura do polo base da comunidade.

Foi no mesmo mês que Hekurari denunciou o controle de garimpeiros nas pistas de pouso na região. Na mesma época, o vice-presidente da Hutukara Associação Yanomami (HAY), Dário Kopenawa, divulgou vídeo que mostra uma cratera ameaçando a estrutura da UBSI de Homoxi, associando o problema ao garimpo ilegal na região.

Em maio, a Justiça Federal de Roraima voltou a obrigar a União, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) a se articularem para atuar no combate a crimes ambientais na Terra Indígena Yanomami, em Roraima. A ação foi movida pelo MPF, que solicitou a retomada das operações policiais para retirada de invasores que promovem o garimpo ilegal no território.

Uma das determinações judiciais foi para que a Força Nacional permanecesse na região para garantir a reabertura da UBSI de Homoxi e do posto de fiscalização da Funai na Serra dos Surucucus.

Entre 5 de julho e 7 de agosto, a operação Guardiões do Bioma, integrada por 12 órgãos federais e realizada, resultou na prisão de 25 garimpeiros e na apreensão de 23,9 toneladas dos minérios cassiterita, ouro e mercúrio no território Yanomami. As ações contra o garimpo ilegal também resultaram na apreensão ou destruição de 36 aeronaves, 15,6 mil litros de combustíveis e 119 munições. Além disso, 115 autos de infração foram lavrados e 712 atendimentos de saúde à população indígena foram realizados.

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